lixo Umbandista
Este artigo de Rodrigo Queiroz - Revisa Umbanda Sagrada, recebi do Grupo de Umbanda Triangulo da Fraternidade
Mostra-nos tudo o que o Grupo Raios de luz tem buscado praticar e concientizar outros Umbandistas, ou mesmo simpatizantes de nossa religião, para que todos possam saber o que é, ou não Umbanda!
Umbanda é o amor, caridade, fraternidade, e respeito a vida e a tudo o que é vivo!
Á natureza, e nosso irmãos do mundo animal (todos eles!!)
Muito bom texto!! Vale mesmo muito a pena ler!
Abraço fraternos a todos!
My
Lixo Umbandista
Recebido do blog Triangulo da Fraternidade
“na cosmogonia das
religiões africanistas, especialmente a ioruba, o ato de “ arriar “ uma
oferenda estabelece e perpetua uma troca de força sagrada entre dois
mundos: o divino oculto e o profano visível; tudo é energia e tem mais
afinidade com este ou aquele Orixá. Essa energia deve estar sempre em
movimento em ambos os sentidos: entre o plano concreto – material e o
invisível – astral. Assim como a água em seu ciclo sucessivo de chuva,
evaporação, resfriamento e degelo, a dinâmica de transferência
energética é considerada essencial e parte da vida. “ Ramatís no livro A Missão da Umbanda, editora do Conhecimento, na página 94
Na prática litúrgica da Umbanda, a oferenda é um dos atos mais sagrados de conexão entre fiel e Divindade.
Toda religião tem
sua prática ofertatória, quer seja uma fruta no Congá ou até uma nota de
R$ 10,00 no envelope. Não importa, este é um ato de oferta, um ato de
fé e cada religião tem a sua leitura própria de como deve ser esta
prática.
Nas religiões
naturais, de culto a Deus e Divindades na natureza, no geral estas
religiões tem como pratica ofertatória a oferenda daquilo que vem da
natureza, ou seja, flores, frutos, grãos etc.
A Umbanda é uma
religião natural, ela entende a natureza física como pontos de força,
santuário natural, sítio sagrado ou mesmo casa dos Orixás. E encontramos
variadas formas de oferendas, tem oferenda para tudo, para energização,
para descarrego, para abertura de caminhos, para prosperidade, para
amor e por aí vai. O fato é que oferenda está presente no dia a dia do
Umbandista.
Já que é tão comum o
ato ofertatório e principalmente depositado na natureza ou nos pontos
de força, como: cachoeira, mata, bosque, mar, encruzilhada… Fica a
pergunta: o Umbandista foi sendo preparado para ter consciência ambiental ?
Nunca se falou
tanto em meio ambiente, efeito estufa, caos planetário como nestes
últimos anos. Todavia se não fosse algo tão sério não se falaria tanto.
Claro que podemos ajudar muito fazendo cada um a sua parte, como
diminuir o tempo do banho, selecionar o lixo, diminuir o uso do carro,
etc.
Mas é realmente
preocupante o que fazem por aí os Umbandista e demais religiões quando
entram na natureza para uma prática sagrada e acabam profanando o espaço
sagrado. É isso mesmo, profanando !
Você já observou a quantidade de lixo que fica no pé da árvore ? Na beira do rio ?
Assustado ? Como é que falo lixo ???
Sim, é lixo mesmo !
Este artigo vai ser
assim mesmo, um tanto indigesto, é para provocar náuseas e quem sabe ao
final, no seu vômito, você comece a evitar que os Orixás continuem tendo
que tolerar nosso lixo.
Vamos à parte prática. Reflita comigo, ok ?
O conceito de oferenda é o ato religioso de interação do fiel com seu
guia, Orixá e forças da natureza. Energeticamente o prana das oferendas é
usado em beneficio de quem oferenda ou pra quem se destina, ou seja,
quando uma oferenda é feita para terceiro. Magísticamente é a
movimentação de energias e elementais em beneficio próprio ou de outrem.
Isso é a síntese pratica de como funciona a oferenda. A Umbanda é o
culto à natureza e na oferenda colocamos tudo que é natural.
Partindo deste
pressuposto fica claro que o conjunto geral da oferenda deve ser um ato
salutar para todos os envolvidos, ou seja, o fiel, a natureza e o Orixá.
Pense, os pontos de força naturais são as casas dos Orixás, como a mata
está para Oxossi, o mar está para Iemanjá, as cachoeiras estão para
Oxum, as pedreiras para Xangô, etc.
Oferendar também é
uma forma de presentear. Você gosta de receber presentes e eu também,
porém no final a embalagem jogo no lixo e fico com o que é usual no
presente.
Sejamos práticos e
objetivos. O saquinho plástico não é oferenda. A garrafa não é oferenda.
Os descartáveis não são oferendas. O que é oferenda?
As flores, frutos e comidas.
Se a Umbanda vê a
natureza como sagrado, logo deve preservá-la. Todo cidadão precisa de
uma consciência ecológica para o exercício da cidadania, mas com o
Umbandista a coisa vai mais longe, ecologia é preceito religioso, e isso
significa muita coisa.
O respeito com a
diversidade ritualística que encontramos em nossa religião não pode ser
confundido com tolerância aos abusos. Porem antes de julgar precisamos
orientar.
Sei que existem
muitos conceitos sobre oferendas e postura dentro dos campos sagrados.
Certa vez me falaram que tudo que entra na mata não pode sair, ou seja,
aquelas dezenas de sacolinhas plásticas que serviram apenas de
condutores materiais, tinham que ficar lá. Os copos plásticos, garrafas e
bandejas de isopor também. A justificativa: não tirar carrego da mata !
Oras, ou aquele lugar é sagrado e como tal é benéfico, ou é profano e prejudicial, temos que definir isso na mente.
Pelo lado
energético ou pergunto: o que vai me atrair negatividades. São as
sacolinhas que por sinal são isolantes ou minha vibração mental e
emocional ?
Se é a opção dois então qualquer ambiente me fará mal, certo ?
Então vamos descartar esta obrigatoriedade de poluir o espaço sagrado. Até porque esta pratica é mais atual do que parece.
Os antigos
zeladores do culto de nação e vertentes afros, anterior á Umbanda
ensinavam que as oferendas deviam ser depositadas sobre folhas de
bananeira, chapéu-de-couro ( erva ) ou folhagens do Orixá ofertado. Isso
é sabedoria natural, não existiam ainda campanhas ambientais. Mais que
isso, eles ensinavam que para natureza só vai o que ela ofertava. Os
elementos orgânicos se decompõem no solo e viram adubo, muitas vezes as
sementes brotam e uma nova vida nasce naquele ambiente.
Contudo, hoje não
vemos isso, o que encontramos são garrafas estilhaçadas ao redor de
árvores, panos nobres servindo de toalha para o “ banquete divino “ e
muitos descartáveis que não oferecem nenhuma utilidade.
Além de cuidar do
meio ambiente, precisamos zelar pela boa imagem da religião. Pois, para
aqueles que não são adeptos, quando chegam em ambientes com estes “
restos “, criam uma imagem bastante distorcida do real significado das
oferendas.
Questão de Postura
Há algum tempo foi
notícia em Porto Alegre – RS uma oferenda na beira do rio Guaíba
contendo 77 cabeças de bode, claro que sabemos que não tem nada de
Umbanda nisso, mas não foi isso que a mídia local divulgou. Também
em Curitiba – PR foi proibido a entrada de Umbandista para pratica de
oferendas numa reserva florestal, devido ao excesso de lixo não orgânico
deixado na natureza e nem preciso citar as milhares de encruzilhadas
diariamente forradas por elementos nada agradáveis.
Muitas vezes estes
excessos provém da Umbanda, no entanto já foi manchada a nossa imagem e
precisamos de postura real e firme, no dia – a – dia do fiel Umbandista,
aliado a divulgações e mídias como que realmente a Umbanda se porta á
natureza.
Em São Paulo
capital, dois cemitérios ganharam há seis anos um Santuário de Obaluaiê /
Omulú para os fiéis promoverem seus cultos e oferendas. No entanto
tivemos notícia que estes espaços serão desapropriados devido a
depreciação do ambiente e a quantidade diária de animais mortos
despejados ali.
Precisamos erradicar o contra – senso da má prática ofertatória. Para só depois conseguir mudar a imagem social.
Fazendo a Diferença
Foi preocupado com a
violência urbana, privacidade e meio ambiente que o Sr. Pai Ronaldo
Linares, presidente da Federação Umbandista do Grande ABC fundou há 30
anos o Santuário Nacional da Umbanda, um espaço que na origem era uma
imensa pedreira e terra seca, hoje todo reflorestado com árvores
tópicas, cachoeiras, rio e uma imensa área verde. O Umbandista tem toda
liberdade e privacidade para realização de seus cultos e oferendas,
inclusive em praças específicas para cada Orixá ou linha de trabalho.
Hoje, 263 terreiros estão construídos nesta área e há 40 lotes
disponíveis para aluguel diário aos interessados em fazer trabalhos na
natureza. É aberto ao público geral sem restrições.
Lá sim, você pode
fazer uma oferenda com panos, pratos, descartáveis, vidros etc, pois o
Santuário conta com uma equipe de funcionários responsáveis pela
limpeza, a coleta é seletiva, o que é reciclado tem seu destino certo, o
que é orgânico vira alimento para o minhocário que produz o adubo
utilizado para o plantio de 300 mudas mensais e faz parte do
reflorestamento da Mata Atlântica que o Santuário mantêm.
Pai Ronaldo informa
que o Santuário tem um compromisso muito sério com o meio ambiente, por
isso são feitas três coletas semanais de lixo, totalizando uma média de
8 a 10 toneladas de puro lixo. Não está incluso nesta conta os
recicláveis, orgânicos e alguidares. Em épocas de festa chega coletar
quase o dobro disso. Todo esse lixo vem das 2 a 3 mil pessoas que
freqüentam semanalmente o Santuário.
O mais interessante
é como se aproveita a maioria dos materiais que seriam lixo. Os
alguidares são limpos e triturados para servirem de cascalho nas
estradas internas do parque. Louças, pratos, copos etc, também são
limpos, desinfetados e defumados pela Mãe – de – Santo, Dona Luiza, que
separa tudo e encaminha para várias instituições de caridade.
Já os recicláveis são
selecionados pelos funcionários que dividem o lucro da venda destes
produtos, que não é pouco, sai um caminhão por mês cheio de garrafas e
até duas toneladas de plástico, papel e latas, se juntássemos tudo isso,
o peso seria em média de 25 toneladas ao mês de “lixo”, evitado de ser
despejado e destruir a natureza.
Próximo a
cachoeira uma placa alerta os visitantes: “ O lixo traz o rato, o rato
traz a cobra, a cobra traz a morte”. A limpeza das oferendas é feita
sempre com o prazo mínimo de 24 hs após ser arriada. “ O Umbandista não
precisa de uma catedral como só o gênio humano é capaz de construir. Só
precisa de um pouco de natureza, como Deus foi capaz de criar “ frisa
Pai Ronaldo.
Em Juquitiba,
também interior de São Paulo, a União de Tenda de Umbanda e Candomblé do
Brasil, presidida pelo Sr. Pai Jamil Rachid, construiu o Vale dos
Orixás com o mesmo fim, porém, restrito aos filiados da federação.
Pai Jamil afirma que, por mês, cerca que 2.000 filiados utilizam este espaço.
Em Bauru – SP, a
Federação Umbandista Reino de Oxalá, presidida por Sr. Pai Rubens Amaro,
há oito anos fundou o Vale dos Orixás.
Infelizmente pelo
tamanho do nosso corpo religioso são poucas as iniciativas para “
privatizar “ santuários naturais e trazer conforto, segurança e ecologia
para nossa comunidade.
Mas se você reside distante destes espaços se adapte e faça a diferença.
Dicas de Bom Senso
De forma geral os
Umbandistas se utilizam da natureza pública, poucos tem acesso aos
recintos privados, como citamos. Portanto, todos nós podemos adotar
atitudes simples que resultam em grande impacto.
Quando chegar no ponto
de força da natureza e definir onde irá arriar sua oferenda, priorize
forrar o chão com as folhagens do ambiente. Coloque os elementos e
comidas sobre as folhas. Dispense pratos ou coisas do tipo. Os líquidos
coloquem em copos descartáveis. Acenda as velas e prepare tudo.
Não há resultado em
oferendas feitas às pressas, lembre – se que este é um ato sagrado e com
dedicação deve ser ministrado. Então, faça as preces, cantos e pedidos
com tranqüilidade. Normalmente na natureza em 30 a 40 minutos as velas
já queimaram, ótimo. Recolha as borras e coloque no lixo. Antes de sair,
jogue o líquido dos copos ao redor da oferenda, os descartáveis vão pro
lixo. Faça o mesmo com garrafas e demais elementos. Certifique – se que
ficará na natureza apenas material não poluente.
Seguindo esse preceito
deixaremos de agredir a natureza sem perder o ato sagrado e ainda
alegrar o Orixá. Não apóie velas no tronco das árvores, você pode matá –
las. E lembre – se:
Conceitos de Oferendas e a Natureza
No livro Rituais
Umbandistas de Rubens Saraceni, pela Editora Madras, o autor cita na
página 21 que “ o ato de fazer uma oferenda ritual a um guia espiritual
em um ponto de força abre – lhe a possibilidade de recorrer à própria
hierarquia e às forças da natureza, tanto para auxiliarem seu médium
como para socorrerem as pessoas que atender. “ Ele ainda complemente que
“ a oferenda ritual atua como uma chave de abertura e de religação do
médium com o Orixá…”
O espírito
Ramatís no livro A Missão da Umbanda, editora do Conhecimento, na página
94 elucida que “ na cosmogonia das religiões africanistas,
especialmente a ioruba, o ato de “ arriar “ uma oferenda estabelece e
perpetua uma troca de força sagrada entre dois mundos: o divino oculto e
o profano visível; tudo é energia e tem mais afinidade com este ou
aquele Orixá. Essa energia deve estar sempre em movimento em ambos os
sentidos: entre o plano concreto – material e o invisível – astral.
Assim como a água em seu ciclo sucessivo de chuva, evaporação,
resfriamento e degelo, a dinâmica de transferência energética é
considerada essencial e parte da vida. “
Observamos dois autores
que ao tratar das oferendas convergem no mesmo ponto. A grandiosidade e
sacralidade da oferenda e dos pontos naturais.
TEMPO DE INDIGESTÃO DA SUA OFERENDA
Material – Tempo de Degradação
Alguidar – Indeterminado
Louças ( Ibás ) – Indeterminado
Lata de Alumínio – 200 a 500 anos
Vidro – Indeterminado
Isopor – Indeterminado
Metal – 100 anos
Garrafa Pet – 400 anos
Copo de Plástico – 50 anos
Bituca de Cigarro – 5 anos
Papel – 3 a 6 meses
Pano – 6 meses a 1 ano
Sacolas Plásticas – 100 anos
Tampinha de Garrafa – 150 anos
Palito de Fósforo – 6 meses
Artigo de:
Rodrigo Queiroz – Revista Umbanda Sagrada
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