sessão de sabado- pretos velhos


 amigos, neste sábado nossa sessão de caridade é alusiva aos Pretos Velhos, 
segue abaixo mensagem que escrevi para minha tão querida Vò Maria Joana do Congo, e a resposta que tanto me emocionou a receber, com esta mesma emoção e gratidão, quero divida-la com todos!

SABADO 14 de MAIO – SESSÂO DE PRETOS VELHOS! COMPAREÇA!

Minha vovó querida,

Aqui estamos nós, agradecidos, aguardando suas bençãos.

Bençãos estas que muitas vezes, talvez a maioria delas, nem mesmo as merecemos.
Quantas vezes vimos irmãos virem a ti (e nós mesmos já o fizemos), vó querida, com o coração ferido, com a Alma em chagas, com a mente entorpecida pela dor, no sentimento mais puro de vitimação, nos achando injustiçados, abandonados, perdidos.

E lá esta você para nos dizer “calma, muita calma, a palavra é esperança”. Então você nos faz ver que amanha será diferente, que nem todo o dia faz sol, que de vez em quando tem que chover, e que isto é bom! Pois você diz “tudo o que Deus faz é bom!

Quantas vezes desejamos enfrentar o mal com o mal? Quantas vezes mal dissemos, lamuriamos, queixamos, como crianças mal acostumadas e mimadas? E se somos agredidos, queremos muito revidar, dizendo a nós mesmos que esta certo.

E lá estava você, com sua alegria, seu sorriso fácil, a nos envolver em um abraço cheio de carinho, parecendo não perceber nossa alma perturbada. E assim, sorrindo e falando palavras que vão preenchendo os nossos corações embrutecidos pela raiva, ódios, etc, e transformando em alivio e paz, e vai nos dizendo “não existe vítimas, nem algozes, a vítima de hoje foi o algoz de ontem, e se você se considera injustiçado, ao revidar se iguala aos sentimentos ruins de quem hoje te faz mal”.

E quando como crianças mimadas, choramos, nos alteramos e insistimos que estamos certos em revidar, ou fazer algo que só vai nos prejudicar. Então você sorri mais uma vez, e diz “olhe meu filho, creia que a semeadura é livre, mas a colheita obrigatória. Ao fazer suas escolhas, esta exercitando o dom Divino do livre arbítrio, mas tem que saber que a um preço nas nossas escolhas.”

As vezes na “distância” quando insistimos em não elevar nossos pensamentos, sentindo-se só, vamos baixando nosso padrão vibratório, e nos sintonizamos com o mal. E lá esta você, no silêncio da nossa mente, a sussurrar “orai e vigiai”!

E quando algo realmente nos parece sem solução...

Lá está você, a nos dizer: “Tudo tem solução, para tudo a uma saída, porque ate as situações mais doloridas assim como a mais felizes, irão passar”, e com um sorriso nos diz: “creia que o que não tem solução... solucionado esta”!


Com suas palavras de bondade, a cada encerramento do nosso grupo, lá está você, transformando nossas dores em esperança, nos mostrando que é possível sorrir, e ser feliz mesmo quando temos problemas para solucionar. Lá esta você, nas mais difíceis das dores, nos consolando, aconselhando, e nos dizendo: “tenha fé, tudo esta certo nos desígnios de meu Deus”!
  
E então antes de ir embora, de voltar para sua tão estimada Aruanda, ainda roga pro nós, “ Arcanjos Miguel, Gabriel, Rafael, protegei meus filhos terrícolas, e pede que sejamos abençoados para com sabedoria seguir nossa  jornada, que os orixás nos tragam força e coragem na hora da adversidade”, e por fim pede ao alto: “Até a próxima vez que Deus permita possamos estar juntos, reunidos no seu santo nome!”

 Obrigada vó Joana, querida, por todo o carinho e paciencia que tem com todos nós! Muito obrigada
Myriam Cassariego –Grupo Raios de luz

..... Meus filhos acham mesmo, que não entendo sua dor. 
Mas eu a vivi na carne, e continuo vivendo em espírito.
Também já fui injustiçada, agredida, machucada no físico, e na alma.
Sofri traições, ofensas, abandono não só dos brancos, mas também dos “meus” ...
Também chorei, lamuriei, e maldisse a vida, por alguns instantes....
Depois parei, pensei, e ofereci o perdão, porque não queria tornar meus dias já tão difíceis, piores ainda, então, com fé, eu acreditei!
Acreditei com toda a força de minha alma tão sofrida!
Que tudo o que Deus faz é bom!
Que por alguma razão, que minha ignorância e pequenez, não me permitiam saber...  se eu estava ali, a passar por tudo aquilo, a pois... o SENHOR sabia o que fazia, e eu, bem... eu, como digo a vocês meus filhos tão queridos, “ eu não enxergava um palmo a frente do cheirador” hihihi.

Minha mãe , trouxe-me no ventre, nasci em suas terras, para ser escrava.
Escrava nasci, me criei e no final como dizem você...’’ morri”.
E quando “morri”, áh  Deus que alivio morrer! , pensei eu...
Mas no entando, ardia em mim, ainda, algumas dores, pensei... vou achar meu filho, que me abandonou, vou achar meu outro filho que lutava, moço forte, de alma livre, não aceitava ser escravo...
Tantos pensamentos, tantas dores físicas , meu corpo muito velho e sofrido carregava chagas imensas, quanta sede e fome senti. Eu estava só, do mesmo jeito em que parti... sozinha, no quartinho dos fundos da cozinha da casa grande, que tanto trabalhei... NÂO ,  agora eu estava sozinha em um mundo novo, mas tudo ainda estava feio, sombrio... e então, mais uma vez... eu acreditei!

 Acrecitei...Que meus orixás estavam comigo! Que tudo o que zambi faz é bom!
E afastei de mim, com os ventos de Iansã, a senhora dos ventos, a revolta não me envolvia mais, oya me mandará uma tempestade que afastou de mim, ódios, dores, angustias, com um rugido bravo e forte, Xango, iluminou–me a caminhada, e Ogum cortou com sua espada as correntes e os grilhões que me mantiam ainda escrava.
Então o sono chegou e Yemanja e Oxum, cobriram-me com seus mantos, e já não fazia frio, Oxossi curou minhas chagas, e a alegria da ibejada me inundou. (Vai ver que é por razão que vocês, gostam tanto de rir comigo! Hihihi!)
E então em fim... Partimos...para minha querida Aruanda, onde então pude entender...

-Quando eu acreditei... Quando eu tive fé... quando amei meus irmãos brancos e negros, quando chorei calada, quando acreditei que seria possível a liberdade, a igualdade, a amizade entre os povos e o amor,
Vi que  minhas dores, sofrimentos, e correntes, libertaram minha alma!

Muitos dos meus irmãos tiveram a mesma sorte... outros ao verem, sua raça de gigantes, do qual tanto se orgulharam,,, despedaçada, nua, acorrentada, em infectos porões, senzalas, buracos...perderam-se para seus algozes, duas vezes...
Uma na carne, onde foram arrancados de sua pátria, e escravizados e tratados pior que animais, e outra para si mesmos... alimentados por sentimentos de vinganças, rancores, ódios fatais... pobres irmãos, tão tristes escolhas...

Seus sentimentos caíram, caíram, caíram, e então... eles se distanciaram, eles não queriam os ventos da yansa, a tempestade de Oya , o rugido do raio do xango, nem mansitude e calma de yemanja e oxum, não queriam a cura de oxossi, nem a alegria das crianças...
Eles queriam as trevas, as sombras, a vingança...
Seus ouvidos não ouviam as suplicas de nossos irmãos de Aruanda e ate de outras esferas, seu peito sangrava...

é estes irmãos assim como vós o fazem muitas vezes, não querem ouvir...
Lembro-me, quando ainda muito pequena, depois que o sol se escondia, lá no fundo da senzala, com os mais velhos aprendia, que o nosso destino no fim não seria sempre assim, quantas vezes me disseram que Zambi olhava por mim...

E depois quando eu cresci, quando meus filhos vieram, eu ia lá, me sentar com os outros velhos como eu, e repitia: “não será sempre assim. Zambi, nos reserva algo melhor!” Ensinei, repeti muitas vezes, até eu mesma não mais duvidar.... “amanhã será diferente, ensinei as crianças a não tornar as dores maiores do que são, ensinei que era preciso, na verdade para a sobrevivência e elevação de nossa alma, era imprescindível”... ACREDITAR!
E eu acreditei!

E este dia chegou em Aruanda, enfim, nova vida, a recompensa por todas as vezes em que eu ACREDITEI  no amor, no perdão, na vida !

 Encontrei nova vida, mais longa, muito mais forte, mais de amor e de
perdão, os sofrimentos de outrora já não importam agora, porque nada foi em vão...
Então veio a Umbanda, esta tão querida umbanda, religião do coração, do amor, da igualdade, da paz , e do perdão,  que me dá a oportunidade continuar, sentanda em banquinho, a ajudar meus irmãos brancos ou negros, ricos ou pobres, não importa: eu ainda posso ajuda-los a se libertar do escravidão, a entender sua cruz, e principalmente eu ainda posso tentar humildemente a lhe ensinar  “A ACREDITAR!”


Maria Joana do Congo

(por sua médiuns Miriam Cassariego

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