LEITURAS COMPLEMENTARES DAS AULAS 2 E 3 DO CURSO DE INTRODUÇÃO À UMBANDA
TEXTOS COMPLEMENTARES A AULA SOBRE MEDIUNIDADE
Antes de apresentarmos os textos que complementam a aula sobre MEDIUNIDADE, do Curso de Introdução à Umbanda do Raios de Luz, gostaríamos de trazer uma breve reflexão copiada do livro as Emoções que curam, de Ermance Dufaux, psicografado por Wanderley Oliveira (editora Dufaux).
"Não é a mediunidade que qualifica o médium, e sim suas qualidades morais e emocionais. (...) O desejo de servir, sem dúvida, é a qualidade moral indispensável a essa realização nas lições sagradas da mediunidade. (...) `Eis-me aqui Senhor`é a disponibilidade para ser útil. Médiuns em estado íntimo de quietude interior oferecem solo mental fértil sobre o qual são plantadas as sementes enriquecedoras que multiplicarão os frutos dos planos superiores. Sem quietude, não existe disponibilidade mental, sem disponibilidade mental, não existe sintonia, e sem sintonia, não há plantação mediúnica.
(...)
À medida que o servidor da mediunidade avança na solução de suas lutas interiores, adquirindo a habilidade de manter seu foco espiritual na luz, da qual todos somos portadores como filhos de Deus, seu poder de percepção e sua força de atuação na vida que o rodeia se dilatam, sem lhe causar danos ou alterações prejudiciais." (pgs. 195-197)
Para seguir o desenvolvimento mediúnico e evoluir na luz é "indispensável os cuidados com sua jornada emocional. Esta pode ser resumida em três etapas distintas que se integram entre si formando o estado interior de quietude: AUTOCONHECIMENTO, AUTOTRANSFORMAÇÃO E AUTOAMOR.
Pelo AUTOCONHECIMENTO, o médium descobre e examina o mapa de suas sombras interiores e da sua luz ofuscada à espera de uma abertura para irradiar paz, cura e libertação.
Pela AUTOTRANSFORMAÇÃO, o médium se aplica a explorar o território de seu próprio aprimoramento, escalando novos hábitos, desbravando os terrenos da riqueza emocional e aplainando novas conquistas na direção de sua consciência.
Pelo AUTOAMOR, o médium encontra-se consigo próprio, preenchendo-se de estima, alegria, entusiasmo e discernimento, o que lhe permite um novo olhar sobre a vida e sobre as pessoas que o rodeiam seja onde for."(pg. 198)
TEXTO 1:
A importância do médium desiludir-se de si mesmo
Jesus,
ao despir-se do seu manto para secar os pés dos apóstolos, mais
uma vez exercita a humildade, anulando o seu ego em favor de
exemplificar a conduta evangélica. Logo seu corpo transitório
estaria crucificado e seu espírito imortal no verdadeiro Reino
de Deus.
|
Médiuns...fazendo
a caridade?
Ser médium! Será que sempre que saímos de um terreiro de Umbanda, após recebermos um passe ou consulta de alguma entidade, deixando por lá invariavelmente parte de nossas angústias cotidianas, nos passa pela cabeça todos os conflitos e peculiaridades que permeiam as vidas pessoais dos médiuns que ali trabalham ou especificamente daquele que acabou de possibilitar nosso atendimento?
O exercício da mediunidade na Umbanda na maioria dos casos passa por inúmeras fases: as perturbações normais da mediunidade latente e não desenvolvida, a busca muitas vezes penosa por um local que nos passe afinidade para trabalhar, as primeiras experiências e sensações com as vibrações dos guias, o período das incorporações ainda não bem "encaixadas" em que a dúvida quanto ao animismo é uma constante e finalmente o intercâmbio mediúnico já maduro e bem sintonizado com as entidades de trabalho. Todas estas etapas são monitoradas e requerem uma ação constante do plano espiritual no sentido de irem preparando, ajustando e otimizando o aparelho mediúnico tanto do ponto de vista de adequação dos centros energéticos quanto no sentido psicológico.
Durante toda esta caminhada é justamente no campo psicológico que o médium enfrenta os maiores desafios os quais por vezes determinam o êxito ou não de chegar e principalmente de permanecer na fase de trabalho efetivo. Primeiramente deparam-se com o desconhecido, vivenciando experiências auditivas,visuais, intuitivas, de mudanças de humor e sentimentos, entre outras manifestações comuns da mediunidade. Nesta fase, infelizmente devido ao fato da ciência não andar em paralelo com a espiritualidade, muitos médiuns com excelente potencial de trabalho acabam vítimas de medicações psiquiátricas, terapias intermináveis e em casos mais ostensivos até mesmo de internações em instituições para tratamento mental. Aqueles que tem a felicidade de serem orientados ou a persistência de procurarem auxílio adequado, acabam tendo o primeiro contato com algum centro espiritualista que irá descortinar para eles a realidade do plano espiritual e do compromisso mediúnico. Uma vez cientes de suas condições potenciais de medianeiros, tem início a fase de negação, revolta ou soberba por esta condição. Para alguns é motivo de inconformismo pelo não entendimento de ter sido uma opção pessoal de seu espírito no período entre as encarnações. Para outros é um gancho para manifestação de personalidades egocêntricas que encontram campo fértil para serem reveladas. Para os que conseguem encontrar o "caminho do meio" entre estes dois extremos fica lançada a sorte de se engajarem em um local de trabalho que viabilize as condições de um adequado desenvolvimento mediúnico. Este período mexe muito com o psicológico da pessoa pois também é uma fase de assédio intensivo e voraz da baixa espiritualidade que aproveita a inconsistência e imaturidade das convicções e da fé dos candidatos a médiuns que ainda estão assimilando as mudanças e a realidade do compromisso a ser assumido. Certamente mais uma parcela significativa é aí eliminada tanto pela ação espiritual negativa quanto pela escassez de locais adequados que absorvam este contingente de candidatos. Aos que lograrem êxito de permanecerem firmes no seu propósito, tem início o novo desafio de lidarem com o período de desenvolvimento da mediunidade com o pé dentro do terreiro, sem que haja a perda do equilíbrio que se faz necessário. Havendo convicção firme no propósito de se manter na seara mediúnica com fé irrestrita no plano espiritual, o assédio da baixa vibração diminui mas pode se fazer presente o pior vilão e inimigo número um dos médiuns: o próprio ego insuflado pela vaidade. Este sentimento sorrateiro, ao encontrar condições favoráveis, vai tomando vulto e no momento em que se abre uma brecha no equilíbrio mental e emocional do medianeiro, certamente haverá de se manifestar, podendo assim determinar a impossibilidade do prosseguimento nos trabalhos até que o trabalhador recupere a harmonia perdida. Para alguns menos persistentes encerra-se aí a caminhada enquanto outros tantos resolvem prosseguir em "carreira solo" por entenderem não ser seu o problema e sim do centro aos quais estiveram ligados.
Realmente preocupante é quando nós médiuns nos consideramos indispensáveis e imaginamos que nossa presença na corrente é fundamental. Afirmamos que fazemos a caridade e entendemos que desta forma estamos garantindo nossa evolução espiritual, independente da maneira como assimilamos este compromisso no mais íntimo de nosso espírito.
Consideramos que estar disponível semanalmente para o plano espiritual nos garante no mínimo uma passagem ao largo do umbral no momento do desencarne. Muitas vezes esquecemos a verdadeira maratona a qual submetemos os amigos da espiritualidade que se comprometeram com nossa tutela a fim de que ao chegar o dia da gira possamos ao menos estar em mínimas condições para que sejamos aproveitados nos trabalhos. Isto sem contar a verdadeira "lavagem expressa" pela qual passa nosso perispírito naqueles minutos que antecedem a abertura dos trabalhos, removendo assim toda sujeira energética que permitimos que vá se aderindo no decorrer da semana, seja pela nossa invigilância de pensamentos, seja pelas companhias pesadas as quais nos permitimos ou até mesmo por termos um papel programado de mata-borrão no ambiente familiar ou profissional. Muitas vezes ao experimentarmos aqueles momentos de letargia anteriores as aberturas dos trabalhos preferimos pensar que estamos servindo de doadores de ectoplasma para benefício da assistência quando na verdade estamos sendo nós os beneficiados, exigindo dos amigos desencarnados no preparo da própria corrente mediúnica a perda de um tempo precioso que poderia estar sendo utilizado com os consulentes.
Vendo a questão por este ângulo, será que de fato semanalmente estamos mesmo fazendo a caridade com a assistência ou somos nós, os próprios médiuns, os maiores beneficiados com os trabalhos por termos a oportunidade de, em virtude da reunião de todos os consulentes que acorrem ao centro, disponibilizar nosso corpo físico para ação dos falangeiros do Cristo que ao final dos trabalhos nos devolvem o mesmo absolutamente equilibrado e livre de todas as energias nocivas que vamos agregando no dia-a-dia? Será que somos nós que fazemos de fato a caridade ou é a assistência que indiretamente a faz conosco?
Aproveitando uma passagem de um livro que li recentemente, parafraseio a orientação de um espírito amigo que ao ser questionado se um médium que em determinado dia não pudesse dar passividade ao espíritos por não estar equilibrado, poderia se sentir rebaixado por auxiliar em outras atividades: “Daí a importância do médium desiludir-se de si mesmo. Se o médium tem consciência de sua condição espiritual, sabe que é um verme que rasteja, sendo assim não se sentirá rebaixado porque não há como rebaixar mais que isso (Espírito José de Moraes)”.Até mesmo Chico Xavier ouviu algo muito parecido de seu mentor Emmanuel. Fica para reflexão.
Adriano - médium
Ser médium! Será que sempre que saímos de um terreiro de Umbanda, após recebermos um passe ou consulta de alguma entidade, deixando por lá invariavelmente parte de nossas angústias cotidianas, nos passa pela cabeça todos os conflitos e peculiaridades que permeiam as vidas pessoais dos médiuns que ali trabalham ou especificamente daquele que acabou de possibilitar nosso atendimento?
O exercício da mediunidade na Umbanda na maioria dos casos passa por inúmeras fases: as perturbações normais da mediunidade latente e não desenvolvida, a busca muitas vezes penosa por um local que nos passe afinidade para trabalhar, as primeiras experiências e sensações com as vibrações dos guias, o período das incorporações ainda não bem "encaixadas" em que a dúvida quanto ao animismo é uma constante e finalmente o intercâmbio mediúnico já maduro e bem sintonizado com as entidades de trabalho. Todas estas etapas são monitoradas e requerem uma ação constante do plano espiritual no sentido de irem preparando, ajustando e otimizando o aparelho mediúnico tanto do ponto de vista de adequação dos centros energéticos quanto no sentido psicológico.
Durante toda esta caminhada é justamente no campo psicológico que o médium enfrenta os maiores desafios os quais por vezes determinam o êxito ou não de chegar e principalmente de permanecer na fase de trabalho efetivo. Primeiramente deparam-se com o desconhecido, vivenciando experiências auditivas,visuais, intuitivas, de mudanças de humor e sentimentos, entre outras manifestações comuns da mediunidade. Nesta fase, infelizmente devido ao fato da ciência não andar em paralelo com a espiritualidade, muitos médiuns com excelente potencial de trabalho acabam vítimas de medicações psiquiátricas, terapias intermináveis e em casos mais ostensivos até mesmo de internações em instituições para tratamento mental. Aqueles que tem a felicidade de serem orientados ou a persistência de procurarem auxílio adequado, acabam tendo o primeiro contato com algum centro espiritualista que irá descortinar para eles a realidade do plano espiritual e do compromisso mediúnico. Uma vez cientes de suas condições potenciais de medianeiros, tem início a fase de negação, revolta ou soberba por esta condição. Para alguns é motivo de inconformismo pelo não entendimento de ter sido uma opção pessoal de seu espírito no período entre as encarnações. Para outros é um gancho para manifestação de personalidades egocêntricas que encontram campo fértil para serem reveladas. Para os que conseguem encontrar o "caminho do meio" entre estes dois extremos fica lançada a sorte de se engajarem em um local de trabalho que viabilize as condições de um adequado desenvolvimento mediúnico. Este período mexe muito com o psicológico da pessoa pois também é uma fase de assédio intensivo e voraz da baixa espiritualidade que aproveita a inconsistência e imaturidade das convicções e da fé dos candidatos a médiuns que ainda estão assimilando as mudanças e a realidade do compromisso a ser assumido. Certamente mais uma parcela significativa é aí eliminada tanto pela ação espiritual negativa quanto pela escassez de locais adequados que absorvam este contingente de candidatos. Aos que lograrem êxito de permanecerem firmes no seu propósito, tem início o novo desafio de lidarem com o período de desenvolvimento da mediunidade com o pé dentro do terreiro, sem que haja a perda do equilíbrio que se faz necessário. Havendo convicção firme no propósito de se manter na seara mediúnica com fé irrestrita no plano espiritual, o assédio da baixa vibração diminui mas pode se fazer presente o pior vilão e inimigo número um dos médiuns: o próprio ego insuflado pela vaidade. Este sentimento sorrateiro, ao encontrar condições favoráveis, vai tomando vulto e no momento em que se abre uma brecha no equilíbrio mental e emocional do medianeiro, certamente haverá de se manifestar, podendo assim determinar a impossibilidade do prosseguimento nos trabalhos até que o trabalhador recupere a harmonia perdida. Para alguns menos persistentes encerra-se aí a caminhada enquanto outros tantos resolvem prosseguir em "carreira solo" por entenderem não ser seu o problema e sim do centro aos quais estiveram ligados.
Realmente preocupante é quando nós médiuns nos consideramos indispensáveis e imaginamos que nossa presença na corrente é fundamental. Afirmamos que fazemos a caridade e entendemos que desta forma estamos garantindo nossa evolução espiritual, independente da maneira como assimilamos este compromisso no mais íntimo de nosso espírito.
Consideramos que estar disponível semanalmente para o plano espiritual nos garante no mínimo uma passagem ao largo do umbral no momento do desencarne. Muitas vezes esquecemos a verdadeira maratona a qual submetemos os amigos da espiritualidade que se comprometeram com nossa tutela a fim de que ao chegar o dia da gira possamos ao menos estar em mínimas condições para que sejamos aproveitados nos trabalhos. Isto sem contar a verdadeira "lavagem expressa" pela qual passa nosso perispírito naqueles minutos que antecedem a abertura dos trabalhos, removendo assim toda sujeira energética que permitimos que vá se aderindo no decorrer da semana, seja pela nossa invigilância de pensamentos, seja pelas companhias pesadas as quais nos permitimos ou até mesmo por termos um papel programado de mata-borrão no ambiente familiar ou profissional. Muitas vezes ao experimentarmos aqueles momentos de letargia anteriores as aberturas dos trabalhos preferimos pensar que estamos servindo de doadores de ectoplasma para benefício da assistência quando na verdade estamos sendo nós os beneficiados, exigindo dos amigos desencarnados no preparo da própria corrente mediúnica a perda de um tempo precioso que poderia estar sendo utilizado com os consulentes.
Vendo a questão por este ângulo, será que de fato semanalmente estamos mesmo fazendo a caridade com a assistência ou somos nós, os próprios médiuns, os maiores beneficiados com os trabalhos por termos a oportunidade de, em virtude da reunião de todos os consulentes que acorrem ao centro, disponibilizar nosso corpo físico para ação dos falangeiros do Cristo que ao final dos trabalhos nos devolvem o mesmo absolutamente equilibrado e livre de todas as energias nocivas que vamos agregando no dia-a-dia? Será que somos nós que fazemos de fato a caridade ou é a assistência que indiretamente a faz conosco?
Aproveitando uma passagem de um livro que li recentemente, parafraseio a orientação de um espírito amigo que ao ser questionado se um médium que em determinado dia não pudesse dar passividade ao espíritos por não estar equilibrado, poderia se sentir rebaixado por auxiliar em outras atividades: “Daí a importância do médium desiludir-se de si mesmo. Se o médium tem consciência de sua condição espiritual, sabe que é um verme que rasteja, sendo assim não se sentirá rebaixado porque não há como rebaixar mais que isso (Espírito José de Moraes)”.Até mesmo Chico Xavier ouviu algo muito parecido de seu mentor Emmanuel. Fica para reflexão.
Adriano - médium
FONTE: http://www.triangulodafraternidade.com/2012/04/importancia-do-medium-desiludir-se-de.html
TEXTO 2:
PERGUNTAS E RESPOSTAS PARA INCIANTES
1 – Como
funciona a mediunidade consciente?
O médium
capta o fluxo mental do Espírito, gerando idéias e sensações, como se houvesse
a intromissão de outra mente em sua intimidade; como se estivesse a conversar
com alguém, dentro de si mesmo.
02 – Ouve
uma voz?
Seria
fácil, mas não é bem assim. Idéias surgem, misturando-se com as suas, como se
fossem dele próprio.
03 –
Parece complicado…
E é, sem
dúvida, principalmente para médiuns iniciantes, que não distinguem o que é
deles e o que é do Espírito. Muitos abandonam a prática mediúnica, em face
dessa incerteza, que é perturbadora.
04 – Como
resolver esse problema?
É preciso
confiar e dar vazão às idéias que lhe vêm à cabeça, ainda que pareçam
embaralhadas, em princípio. Não exige maior concatenação de idéias
ou esforço de raciocínio. Cumpre-lhe, em princípio, apenas exprimir as
sensações e sentimentos que o Espírito lhe passa.
05 – Qual
o conselho para o médium que enfrenta esse impasse?
Sentindo
crescer dentro de si o fluxo de sensações e pensamentos, que tomam corpo
independente de sua vontade, comece a falar, sem preocupar-se em saber se é seu
ou do Espírito. A partir daí o fluxo irá se ajustando. É como o motorista
inexperiente na direção de um automóvel. Em princípio há solavancos, mas logo
se ajusta.
06 – O que
pode ser feito para ajudar o médium iniciante?
A
participação dos irmãos do Terreiro é importante. O médium, nessa situação
inicial, fica fragilizado. Sente-se
vulnerável e constrangido. Qualquer hostilidade ou pensamento crítico dos
irmãos, revelando desconhecimento do processo, poderá afetá-lo.
07 – Seria
razoável aplicar passes no médium iniciante, em dificuldade para iniciar a
manifestação?
O passe
pode ajudar, mas devemos ser econômicos na sua utilização, a fim de evitar
condicionamentos. Há médiuns que esperam pela intervenção
do Pai, Mãe ou irmão no Santo, aplicando-lhes passes, a fim de iniciar seu
trabalho.ou seja se acostumam....
08 – As
manifestações de médiuns iniciantes são, não raro, repetitivas. Como devem agir
o Pai ou Mãe e Irmãos no Santo no Terreiro?
Cultivar a
compreensão e a boa vontade, considerando que o animismo, a intervenção do
próprio médium, é expressivo nessa etapa do desenvolvimento. Aos poucos ele irá
se ajustando, aprendendo a distinguir melhor entre suas idéias e as do Espírito.(estamos
falando aqui das pessoas de boa fé)
09 –
Vemos, com freqüência, médiuns dotados de razoáveis faculdades mediúnicas
desistirem do compromisso. Há algum prejuízo?
A
sensibilidade mediúnica não funciona apenas nas Giras. Está sempre presente. É
na prática mediúnica, com os estudos e disciplinas que lhe são inerentes, que o
médium garante recursos para manter o próprio equilíbrio. Afastado, pode cair
em perturbações e desajustes.
10 – É um
castigo?
Não se
trata disso. O problema está na própria sensibilidade que, não controlada pelo
exercício, situa o médium à mercê de influências negativas, nos ambientes em
que circule, e de entidades perturbadas que se aproximam.
11 – Mas
esse problema não está presente na vida de todos nós? Não vivemos rodeados de
Espíritos perturbados e perturbadores?
Sim, e bem
sabemos quantos problemas são decorrentes dessa situação, por total ignorância
das pessoas em relação ao assunto. No médium afastado da prática mediúnica é
mais sério, porquanto, em face de sua sensibilidade, ele sofre um impacto
maior, com repercussões negativas em seu psiquismo.
12 – E se
o médium, não obstante afastado da prática mediúnica, for uma pessoa de boa
índole, caridosa, afável, bem sintonizada?
Com
semelhante comportamento poderá manter relativa estabilidade, mas é preciso
considerar que a mediunidade não é um acidente biológico. Ninguém nasce médium
por acaso. Há compromissos que lhe são inerentes.
13 – O
médium vem programado para essa tarefa…
Sim.
Trata-se de um compromisso assumido na espiritualidade. Há um investimento no
candidato à mediunidade, relacionado com estudos, planejamento, adequação do
corpo. Tudo isso envolve diligentes cuidados dos mentores espirituais.
Imaginemos uma empresa investindo na preparação de um funcionário para
determinada função. Depois de tudo, será razoável ele dizer que não está
interessado?
14- Mas
não é contraproducente o médium participar de trabalhos mediúnicos como quem
cumpre uma obrigação ou um contrato preestabelecido, temendo sanções?
As sanções
serão de sua própria consciência, que lhe cobrará, mais cedo ou mais tarde,
pela omissão. Para evitar essa situação é que os médiuns devem estudar ,
participando de estudos e lendo a respeito da mediunidade, a Doutrina Espírita
é a melhor opção para conhecer sobre a mediunidade, mas esta deve ser
direcionada pelo Pai ou Mãe no Santo, assim estará assimilando conhecimento e
podendo debater a respeito.
15 – E se
há impedimentos ponderáveis? Filhos a cuidar, cônjuge difícil, profissão,
saúde…
Eventualmente
isso pode acontecer, por algum tempo. O problema maior, entretanto, está no
próprio médium que, geralmente, tenta justificar a sua omissão. Altamente
improvável que a espiritualidade lhe outorgasse a mediunidade, sem dar-lhe
condições para exercê-la.
16 – E
quando a participação do médium gera conturbações no lar, a partir de um
posicionamento intransigente do consorte?
Lamentável
o casamento em que marido ou mulher pretende criar embaraços à atividade
religiosa do cônjuge. É inconcebível! Onde ficam o diálogo, a compreensão, o
respeito às convicções alheias? De qualquer forma, embora tal situação possa
justificar a ausência do médium, não o eximirá dos problemas inerentes à
mediunidade não exercitada.
17 – É
difícil encontrar pessoas que guardam perfeita estabilidade emocional e física.
Tem algo a ver com a sensibilidade mediúnica?
Tem tudo a
ver. Vivemos mergulhados num oceano de vibrações mentais, emitidas por
Espíritos encarnados e desencarnados. Assim como podemos ser contaminados por
vírus e bactérias, também sofremos contaminações espirituais que geram
alterações em nossos estados de ânimo.
18 – Isso
explica por que as pessoas tendem a ficar deprimidas num velório e felizes num
casamento?
Sem
dúvida. O ambiente e as situações exercem grande influência. Lembro-me da morte
de Aírton Senna. Provocou imensa comoção popular, até naqueles que não acompanhavam
suas proezas no automobilismo. A emoção se expande e pode envolver multidões.
19 –
Explica, também, as atrocidades cometidas por soldados, numa guerra?
A guerra
produz lamentáveis epidemias de maldade, em face de nossa inferioridade. A
crueldade tem livre acesso em corações ainda dominados pelos impulsos
instintivos da animalidade. Propaga-se com a rapidez de um rastilho de pólvora.
20 – No
lar parece acontecer algo semelhante, quando as pessoas perdem o controle e se
agridem com gritos e palavrões, descendo não raro à agressão física…
Em nenhum
outro lugar demonstramos com maior propriedade nossa inferioridade. No lar
rompe-se o verniz social. As pessoas mostram o que são. Como não há santos na
Terra, conturba-se o ambiente, favorecendo contaminações de agressividade, que
envolvem os membros da casa.
21 – Como
evitar isso?
É preciso
desenvolver e fortalecer defesas espirituais, elevando nosso padrão vibratório,
sintonizando numa freqüência que nos coloque acima das perturbações do
ambiente.
22 – Como
funciona essa questão da sintonia?
Tomemos,
por exemplo, as ondas hertzianas, nas transmissões radiofônicas. Elas se
expandem dentro de freqüência específica. Para ouvir determinada emissora
giramos o dial e a sintonizamos. Nossa mente é um poderoso emissor e receptor
de vibrações e tendemos a sintonizar com multidões que se afinam mentalmente
conosco.
23 – Que
providências devemos tomar para uma sintonia saudável?
Consideremos,
em princípio, que ela é determinada pela natureza de nossos pensamentos. Lembrando
o velho ditado “dize-me com quem andas e te direi quem és “, podemos afirmar
“dize-me a natureza de teus pensamentos e te direi que influências irás
assimilar”.
24 – Isso
significa que equilíbrio e desequilíbrio, paz ou inquietação, alegria ou tristeza,
agressividade ou mansuetude, dependem, essencialmente, de nós?
Exatamente.
Embora nossos problemas físicos e psíquicos possam ser amplificados por
influências ambientes, a origem deles está em nossa maneira de pensar e agir.
Se quisermos o Bem em nossa vida, é fundamental que pensemos e realizemos o
Bem.
25 – Que
livros você indicaria para um iniciante?
É preciso
levar em consideração a cultura e a familiaridade da pessoa com a literatura.
Se for alguém habituado, com facilidade de concentração, deve ler,
inicialmente, O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e O Evangelho Segundo
o Espiritismo. Nessas três obras de Allan Kardec, temos, na mesma ordem, o
tríplice aspecto do Espiritismo: Filosofia, Ciência e Religião, estes nasceram
não para a Religião Espiritismo e sim para todos que crêem na existência dos
espíritos, mas para aceitação inicial da espiritualidade
e conhecimento especifico dentro da Umbanda, cabe ao iniciante conhecer
Tambores de Angola, Aruanda de Robson Pinheiros, nos dá uma noção da Umbanda no
Astral Superior, não esquecendo de forma alguma informar ao seu Pai ou Mãe no
Santo, sobre seus estudos, pois este estará disposto a lhe responder futuras
dúvidas a respeito de seu estudo, infelizmente a Umbanda ainda não existe um
livro que possamos pegá-lo como base de estudo para todos, pois a verdade dos
Terreiros de Umbanda é que cada Casa atribui sua Doutrina e esta deve ser
respeitada pelo iniciante, damos sempre como base a Doutrina Espírita, pois a
mesma nasceu para ensinar a todos sobre a Espiritualidade.
26 – O que
é o animismo?
Na prática
mediúnica é algo da alma do próprio médium, interferindo no intercâmbio. Kardec
empregou o termo sonambulismo, explicando, em Obras Póstumas, quando trata da
manifestação dos Espíritos, item 46: O sonâmbulo age sob a influência do seu
próprio Espírito; sua própria alma é que, em momentos de emancipação, vê, ouve
e percebe além dos limites dos sentidos. O que ele exprime, haure-o de si
mesmo…
27 – O
animismo está sempre presente nas manifestações?
O médium
não é um telefone. Ele capta o fluxo mental da entidade e o transmite,
utilizando-se de seus próprios recursos. Sempre haverá algo dele mesmo,
principalmente se for iniciante, com dificuldade para distinguir entre o que é
seu e o que vem do Espírito.
28 –
Existe um percentual envolvendo o animismo na comunicação? Digamos, algo como
quarenta por cento do médium e sessenta por cento do Espírito?
Se o
animismo faz parte do processo mediúnico, sempre haverá um porcentual a ser
considerado, não fixo, mas variável, envolvendo o grau de desenvolvimento do
médium. Geralmente os iniciantes colocam mais de si mesmos na comunicação.
Quando experientes, tendem a interferir menos.
29 – Pode
ocorrer uma manifestação essencialmente anímica, sem que o próprio médium perceba?
É comum
acontecer, quando está sob tensão nervosa, em dificuldade para lidar com
determinados problemas de ordem particular. As emoções tendem a interferir e
ele acaba transmitindo algo de suas próprias angústias, em suposta
manifestação.
30 – Seria
uma mistificação?
Não,
porque não há intencionalidade. O médium não está tentando enganar ninguém. É
vítima de seus próprios desajustes e nem mesmo tem consciência do que está
acontecendo.
31 – E o
que deve fazer o Pai/Mãe no Santo quando percebe que um Filho no Santo está
entrando nessa faixa?
É preciso
cuidado. O Pai/Mãe no Santo menos avisado pode enxergar animismo onde não
existe. Se a experiência lhe disser que realmente está acontecendo, deve
conversar com o médium, em particular, saber de seus problemas e encaminhá-lo
às giras de desenvolvimento e ou tratamento espiritual. Toda a atenção dos
Pais/Mães no Santo devem ser direcionada a este Filho e estar atento a esta
mediunidade, é comum percebermos que pela ignorância (do saber) é mais fácil
deixá-lo de lado, ou ainda excluí-lo do corpo mediúnico, muitas das vezes estes
são execrados dos Terreiros, não por ser um animista e sim pelo desconhecimento
do Pai/Mãe no Santo sobre o assunto. Se persistir o problema, o médium deve ser
orientado a participar das giras como suporte, auxiliando nos trabalhos.
32 –
Quando é que o Pai/Mãe no Santo deve preocupar-se com o animismo?
Quando
ocorre a manifestação de um espírito que se diz orientador. É preciso passar o
que diz pelo crivo da razão, distinguindo não apenas um possível animismo, mas,
também, uma mistificação do Espírito comunicante.
33 – O
médium que se sinta enfermo deve resguardar-se, deixando de comparecer à gira?
Depende do
tipo de problema que esteja enfrentando. Se fortemente gripado, febril, é conveniente
que se ausente, resguardando também os irmãos, que podem contrair seu
mal. Mas há sintomas físicos e psíquicos que
apenas revelam a proximidade de Espírito sofredor, não raro trazido pelos
mentores espirituais para um contato inicial, a favorecer a manifestação.
34 – Nesse
caso, mesmo não se sentindo bem, o médium deve comparecer?
Sim,
porque o que está sentindo é parte de seu trabalho, exprimindo as angústias e
sensações do Espírito, relacionadas com a doença ou os problemas que enfrentou
na vida física.
35 – Isso
significa que uma dor na perna, por exemplo, pode ter origem espiritual?
É comum.
Acontece principalmente com o médium que tem sensibilidade mais dilatada. Ao transmitir a manifestação de um Espírito que desencarnou por problema
circulatório, cuja perna gangrenou, tenderá a sentir dor semelhante, não raro
antes da reunião, devido à aproximação da entidade.
36 –
Ocorre o mesmo em relação às emoções?
É
freqüente. Sintonizado com o Espírito, o médium capta o que vai em seu íntimo.
Se a entidade sente-se atormentada, aflita, tensa, nervosa ou angustiada,
experimentará algo dessas emoções.
37 – E se
o médium, imaginando que esses sintomas físicos e emocionais estão relacionados
com seus próprios problemas, decide não comparecer à reunião?
Se alguém
nos confia um doente para levá-lo ao hospital, e decidimos instalá-lo em nossa
casa, assumiremos o ônus de cuidar dele. Certamente nos dará muito trabalho,
principalmente se for um doente mental.
38 – É
possível que essa ligação com entidades perturbadas ocorra independentemente da
iniciativa dos mentores espirituais?
É o que
mais acontece. Vivemos rodeados por Espíritos destrambelhados, sem nenhuma
noção da vida espiritual, que se agarram aos homens, como náufragos numa tábua
de salvação. Nem é necessário ter mediunidade ostensiva. Todos estamos sujeitos
a sofrer essa influência.
39 –
Digamos que o médium receba influência dessa natureza na segunda-feira e só
comparecerá ao Terreiro no sábado. Sofrerá durante a semana toda?
Com a
experiência e a dedicação ao estudo ele aprenderá a lidar com esse problema,
cultivando a oração e dialogando intimamente com a entidade que, com o concurso
de mentores espirituais, será amparada.
40 –
Devemos informar a esse respeito pessoas que procuram o Terreiro, perturbadas
por tais aproximações?
É preciso
cuidado. Pessoas suscetíveis, que guardam idéias equivocadas, relacionadas com
influências demoníacas, podem apavorar-se. Nunca mais porão os pés no Terreiro.
Adaptações: Alex de Oxossi- algumas observações em vermelho, são
minhas.
Retirado do Livro: MEDIUNIDADE – TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER RICHARD
SIMONETTI -
PAG: 123 A 127
PAG: 28 A 31
PAG: 44
PAG: 91 A 95
PAG: 99 A 103
PAG: 28 A 31
PAG: 44
PAG: 91 A 95
PAG: 99 A 103
TEXTO COMPLEMENTAR A AULA SOBRE DIFERENÇAS ENTRE UMBANDA E OUTRAS RELIGIÕES AFRO BRASILEIRAS
Raios
de luz
Curso
de Umbanda
Outras
Religiões Afro-Brasileiras
- Toré
O
Toré é uma dança que inclui também práticas religiosas secretas,
às quais só os índios têm acesso. O objetivo ritual do toré é a
comunicação com os encantos ou encantados, que vivem no reino da
jurema ou juremá, referência à bebida feita com a casca da raiz da
juremeira. Quanto à dança propriamente dita, ela assume
características diferentes em cada comunidade. Eles dançam em
círculos, em sentido anti-horário, fazendo e desfazendo sucessivas
espirais. O grupo dança formando quatro filas, que fazem variadas
coreografias, criando movimentos de rara beleza. O ritual, que começa
por volta das 21h e vai até as 3h da manhã, é uma dança coletiva
acompanhada por cânticos e pelo som de chocalhos feitos de cabaças.
O que mais impressiona no Toré é a força com que todos pisam o
chão, de forma ritmada, juntos, como se fossem uma só pessoa.
2. Pajelança
Durante
o ritual terapêutico, o pajé reza e fuma ao mesmo tempo, baforando
a fumaça do tabaco sobre o corpo do doente. Enquanto isto sustenta
em uma das mãos o maracá, cujo ruído assinala a aproximação do
espírito. O pajé pode alcançar o transe fumando e hiperventilando
continuamente, o que lhe provoca visões que lhe direcionam para
compreender os atos estranhos que se sucedem na aldeia, ou para
predizer sucessos e insucessos.
A
pajelança é um ato-ritual de cura, levada á cabo por vários
pajés. Nestas ocasiões eles se reúnem para fins curativos ou
cuidar da realização de um feitiço que beneficie todas as
comunidades participantes do evento.
A
crença da pajelança é assentada na figura do encantamento, ou
seja, é um culto á encantaria. Encantados são os seres invisíveis
que habitam as florestas, o mundo subterrâneo e aquático, regiões
conhecidas como "encantes". Os pajés servem de
instrumentos para a ação dos encantados. Para tornar-se pajé, o
indivíduo precisar ter um dom de nascença ou "de agrado"
(adquirido).
3. O
Catimbó
A
Jurema é uma árvore que floresce no agreste e na caatinga
nordestina; da casca de seu tronco e de suas raízes se faz uma
bebida mágico-sagrada que alimenta e dá força aos encantados do
“outro-mundo”. É também essa bebida que permite aos homens
entrar em contato com o mundo espiritual e os seres que lá residem.
O
Catimbó, envolve como padrão a ingestão da bebida feita com partes
da Jurema, o uso ritual do tabaco, o transe de possessão por seres
encantados, além da crença em um mundo espiritual onde as
entidades residem.
Para
seus adeptos, o mundo espiritual tem o nome de Juremá e é composto
por reinados, cidades e aldeias. Nestes Reinos e Cidades residem os
encantados: os Mestres e os Caboclos. “Cada aldeia tem três
‘mestres’. Doze aldeias fazem um Reino com 36 ‘mestres’. No
reino há cidades, serras, florestas, rios. Quanto são os Reinos?
Sete, segundo uns. Vajucá, Tigre, Candindé, Urubá, Juremal, Fundo
do Mar, e Josafá. Ou cinco, ensinam outros. Vajucá, Juremal,
Tanema, Urubá e Josafá”.
Troncos
da planta são assentados em recipientes de barro e simbolizam as
cidades dos principais mestres das casas. Estes troncos, juntamente
com as princesas e príncipes, com imagens de santos católicos e de
espíritos afro-ameríndios, maracas e cachimbos, constituirão as
Mesas de Jurema. Chama-se Mesa o altar junto ao qual são consultados
os espíritos e onde são oferecidas as obrigações que a eles se
deva.
As
princesas são vasilhas redondas de vidro ou de louça dentro das
quais são preparadas a bebida sagrada e, em ocasiões especiais,
onde são oferecidos alimentos ou bebidas aos encantados. Os
príncipes são taças ou copos, que normalmente estão cheios com
água e eventualmente com alguma bebida do agrado da entidade.
4. Os
Habitantes do Juremá
Duas
categorias de entidades espirituais tem seus assentamentos nas mesas
de Jurema, os Caboclos e os Mestres.
Os
Caboclos são identificados como entidades indígenas que trabalham
principalmente com a cura através do conhecimento das ervas, dão
passes e realizam benzeduras com ervas e folhagens. São associados
às correntes espirituais mais elevadas, as que trabalham para o bem,
mas que também podem ser perigosas quando usados contra alguém. Por
isso são muito temidos.
Uma
outra categoria de entidades que recebem culto na Jurema é a dos
Mestres. Os mestres são descritos como espíritos curadores de
descendência escrava ou mestiça. Pessoas que, quando em vida,
possuíam conhecimento de ervas e plantas curativas. Por outro lado,
algo trágico teria acontecido e eles teriam morrido, se
“encantando”, podendo assim voltar para “acudir” os que
ficaram “neste vale de lágrimas”. Alguns deles se iniciaram nos
mistérios e “ciência” da Jurema antes de morrer. Outros
adquiriram esse conhecimento no momento da morte, pelo fato desta ter
acontecido próximo a um espécime da árvore sagrada.
O
símbolo dos mestres é o cachimbo ou “marca”, cujo poder está
na fumaça que tanto mata como cura, dependendo se a fumaçada é “às
esquerdas” ou “às direitas”. Essa relação com a “magia da
fumaça” é expressa nos assentamentos dos mestres, onde sempre se
encontra presente “rodias” de fumo de rolo, nos cachimbos e nas
toadas.
As
marcas são gravadas nos cachimbos, e indicam as vitórias alcançadas
pelo mestre que o usa. Quando em terra, os mestres já chegam
embriagados e falando embolado. São brincalhões, falam palavrões,
mas são respeitados por todos. Dançam tendo como base o ritmo dos
Ilus e a letra das toadas. Como oferendas, recebem a cachaça, o
fumo, alimentos preparados com crustáceos e moluscos diversos. Com
essas iguarias, agrada-se e fortifica-se os mestres. A bebida feita
com a entrecasca do caule ou raiz da Jurema e outras ervas de
“ciência” (Junça, Angico, Jucá, entre outras) acrescidas à
aguardente, é, entretanto, a maior fonte de força e “ciência”,
para estas entidades.
Também
trabalham no Catimbó as Mestras. Tais mestras são peritas nos
"assuntos do coração", são elas que dão conselhos as
moças e rapazes que queiram casar-se, que realizam as amarrações
amorosas, que fazem e desfazem casamentos.
5. Juremação
Muitos
juremeiros dizem que “um bom mestre já nasce feito”; contudo
alguns ritos são utilizados para “fortificar as correntes” e dar
mais conhecimento mágico-espiritual aos discípulos. O ritual mais
simples, porem de “muita ciência” é o conhecido como
“juremação”, “implantação da semente”, ou “Ciência da
Jurema”. Este ritual consiste em plantar no corpo do discípulo,
por baixo de sua pele, uma semente da árvore sagrada. Existem três
procedimentos para isso. Em um primeiro, o próprio mestre promete ao
discípulo e após algum tempo, misteriosamente, surge a semente em
uma parte qualquer do corpo. Um segundo procedimento é aquele em que
o líder religioso realiza um ritual especial, onde dá a seus
afilhados a semente e o vinho de Jurema para beber. Após este rito,
o iniciante deve abster-se de relações sexuais por sete dias
consecutivos, período em que todas as noites ele deverá ser levado
em sonhos, por seus guias espirituais, para conhecer as cidades e
aldeias onde aqueles residem. Ao final deste período, a semente
ingerida deverá reaparecer em baixo de sua pele. Num terceiro
procedimento, o juremeiro implanta a semente da Jurema, através de
um corte realizado na pele do braço.
5. Reuniões
e Festas
Uma
“Mesa” pode ser aberta “pelas direitas” ou “pelas
esquerdas”. Nas abertas “pelas direitas”, só as entidades mais
elevadas devem se fazer presentes. Incorporadas elas dão passes,
receitam banhos de ervas e defumações.
Quando
se abre uma mesa “pelas esquerdas” qualquer tipo de entidade
espiritual pode vir. Os trabalhos não precisam, necessariamente,
visar o mal de alguém, contudo, aberto os trabalhos por este lado da
“ciência”, já é possível devolver aos inúmeros inimigos, que
estão sempre a espreita, os males que estes possam estar fazendo.
Orações
e saudações feitas, canta-se para abrir a "mesa" e chamar
os guias. Em algumas casas estes dão sua presença, afirmando que
protegerão seus discípulos durante a realização dos trabalhos.
Subindo o último Índio ou Caboclo, é o momento de todos, exceto o
juremeiro-mor, se prostrarem de joelhos no chão e pedir ao Juremá
licença para entrar em seus domínios; é que os “Senhores
Mestres” já vem chegando...
Os
discípulos pedem benção aos Juremeiros mais velhos na casa. Saúdam
com benzenções a Mesa da Jurema e os artefatos dos Mestres. A
Jurema é dita aberta. Os Senhores Mestres começam a chegar.
É
o momento das consultas que sempre têm clientela certa. Momento onde
coisas sérias são tratadas com irreverência, sem que no entanto
percam a gravidade e o apresso dos mestres e mestras, sempre prontos
a ajudar a seus afilhados. Nos casos mais graves, entretanto, o
mestre logo marca um dia mais conveniente, onde poderá realizar
"trabalhos em particular". É assim que o mestre, traz os
recursos financeiros necessários para a manutenção da casa de
culto e do seu discípulo. Quando os Mestres se vão, chegam as
Mestras.
6. O
Candomblé
O
Candomblé é uma religião de origem africana, com seus rituais e
(em algumas casas) sacrifícios; através dos rituais é que se
cultuam os Orixás.
O
Candomblé é dividido em nações, que vieram para o Brasil na época
da escravidão.
São
duas nações com suas respectivas ramificações:
Nação
Sudanesa: Ijexá, Ketu, Gêge, Mina-gêge, Fom e Nagô
Nação
Bantu: Congo, Angola-congo, Angola.
Desde
muito cedo, ainda no século XVI, constata-se na Bahia a presença de
negros bantu, que deixaram a sua influência no vocabulário
brasileiro (acarajé, caruru, amalá, etc.). Em seguida verifica-se a
chegada de numeroso contingente de africanos, provenientes de regiões
habitadas pelos daomeanos (gêges) e pelos iorubás (nagôs), cujos
rituais de adoração aos deuses parecem ter servido de modelo às
etnias já instaladas na Bahia.
Os
navios negreiros transportaram através do Atlântico, durante mais
de 350 anos, não apenas mão-de-obra destinada aos trabalhos de
mineiração, dos canaviais e plantações de fumo, como também sua
personalidade, sua maneira de ser e suas crenças.
As
convicções religiosas dos escravos eram entretanto, colocadas às
duras penas quando aqui chegavam, onde eram batizados
obrigatoriamente “para salvação de sus almas” e deviam
curvar-se às doutrinas religiosas de seus “donos”.
Primeiros
Terreiros de Candomblé
A
instituição de confrarias religiosas, sob a ordem da Igreja
Católica, separava as etnias africanas. Os negros de Angola formavam
a Venerável Ordem Terceira do Carmo, fundada na igreja de Nossa
Senhora do Rosário do Pelourinho. Os daomeanos reuniam-se sob a
devoção de Nosso Senhor Bom Jesus das Necessidades e Redenção dos
Homens Pretos, na Capela do Corpo Santo, na Cidade Baixa. Os nagôs,
cuja maioria pertencia a nação Ketu, formavam duas irmandades: uma
de mulheres, a de Nossa Senhora da Boa Morte, outra reservada aos
homens, a de Nosso Senhor dos Martírios.
Através
dessas irmandades (ou confrarias), os escravos ainda que de nações
diferentes, podiam praticar juntos novamente, em locais situados fora
das igrejas, o culto aos Orixás.
Várias
mulheres enérgicas e voluntariosas, originárias de Ketu, antigas
escravas libertas, pertencentes à Irmandade de Nossa Senhora da Boa
Morte da Igreja da Barroquinha, teriam tomado a iniciativa de criar
um terreiro de candomblé chamado Iyá Omi Asé Airá Intilé, numa
casa situada na ladeira do Berquo, hoje visconde de itaparica.
As
versões sobre o assunto são controversas, assim como o nome das
fundadoras: Iyalussô Danadana e Iyanasso Akalá segundo uns e
Iyanassô Oká, segundo outros.
O
terreiro situado, quando de sua fundação, por trás da Barroquinha,
instalou-se sob o nome de Ilê Iyanassô na Avenida Vasco da Gama,
onde ainda hoje se encontra, sendo familiarmente chamado de Casa
Branca de Engenho Velho, e no qual Marcelina da Silva (não se sabe
se é filha carnal ou espiritual de Iyanassô) tornou-se a
mãe-de-santo após a morte de Iyanassô.
O
primeiro “toque” deste candomblé foi realizado num dia de Corpus
Christi e o Orixá reverenciado foi Oxossi
7. Candomblé
de Caboclo
O
Candomblé, ao desembarcar no País com os escravos, encontrou aqui
um outro culto de natureza mediúnica, chamado "Pajelança",
praticado pelos índios nativos em variadas formas. Em ambos os
cultos havia a comunicação de Espíritos.
Com
o tempo, alguns terreiros começaram a misturar os rituais do
Candomblé com os da Pajelança, dando origem a um outro culto
chamado "Candomblé de Caboclo". Naturalmente, os Espíritos
que se manifestavam eram os de índios e negros, que o faziam com
finalidades diversas.
A
exemplo de toda nossa cultura, o candomblé de caboclo é um a
miscigenação de europeus, africanos e ameríndios, uma verdadeira
mistura de crenças e costumes que suas entidades trazem em suas
passagens pela terra conforme suas falanges ou linhas que se dividem
em Caboclos de Pena, a linha só há índios brasileiros, Caboclo de
couro que pertence a linha dos homens que lidavam com gado, marujos
que são aqueles que viviam no mar e outras como os famosos baianos
que é a linha que representa o trabalhador nordestino que padeceu
nos sertões brasileiros, assim como falange de Zé Pilintra que a
história conta que foi um "malandro" injustiçado que se
tornou encantado. Estes últimos são mais comuns nos cultos de
umbanda da a região sudeste do país.
Influências
Ketu, Gêge, Catolicismo, Ameríndia
Usam
dentro da ritualística o gongá ou peiji (palavra de origem indígena
qu quer dizer altar), onde misturam imagens de todos os tipos: santos
da Igreja Católica, pretos-velhos, crianças, índios, sereias, etc.
Trazem
do Candomblé as festividades que louvam os Orixás e utilizam os
atabaques (ilus); no lugar das sessões realizam as giras. A
vestimenta é igual à do Candomblé; usam roncó, camarinha, feitura
e na saída ocorre a personificação do Orixá (o médium sai com a
vestimenta do Orixá); utilizam sacrifício (matança) de animais.
Nas
sessões normais os caboclos utilizam cocares, arcos, flechas e no
que se refere aos trabalhos, o nome dado é “Mandinga”.
Utilizam
o ipadê ou padê, exigência dos Exús; os cântigos são
denominados orikis e misturam cântigos em português e em iorubá.
8. Omolocô
Influências:
Angola, Congo, Ketu, Gêge, Catolicismo, Ameríndia.
Também
denominado de Umbanda Mista, Umbanda Cruzada, Umbanda Traçada.
É
o mais próximo da Umbanda do Caboclo das Sete Encruzilhadas; segundo
pesquisadores, este Candomblé estaria em transição para a Umbanda.
9. Quimbanda
A
Quimbanda, é uma linha paralela á Umbanda, pode se dizer então;
que ‘tudo “é Umbanda, são linhas que se completam, que caminham
juntas, uma não existe sem a outra, uma é a paralela ativa, outra a
paralela passiva, esotericamente, entendesse que a paralela ativa
seja Umbanda, e a paralela passiva é a Quimbanda, na verdade tudo
faz parte da Umbanda, inclusive a Quimbanda , onde atuam os Exus.
Isto faz com que se conclua que todo o espirito que recebe a
denominação de Exu atua na Quimbanda, portanto são Exus da
Umbanda, Exus da Lei.
(
é importante não confundir eguns, zombeteiros, e mistificadores,
com Exus).
Origem
No
inicio, o baixo astral era povoado por seres negativos, muitos vindos
de outras dimensões, ou planetas, com a crescente involução do
planeta, ou seja, guerras, racismo, perseguições etc., com o
aumento dos sentimentos negativos, ódios, raiva inveja etc., esta
fileira foi aumentando.
No
caso especifico da linha da Quimbanda, acredita se que no caso dos
Exus trabalhadores da faixa chamada Umbanda, a Quimbanda , começou
como Quiumbanda, ou kiumbanda, originou-se das batalhas, das
perseguições travadas pela ganância, exemplo, a Pagelância ,
culto aos ancestrais, e rituais praticados pelos índios, que foram
perseguidos pelos brancos, que invadiram ( eles dizem que
descobriram), suas terras, os negros africanos, (candomblé)
perseguidos pelos brancos, que os escravizaram, tirando-os de sua
terra amada, onde muito eram Reis, fortes guerreiros valentes,
sacerdotes de suas Religiões e seitas; os brancos por sua vez,
sentiam-se ameaçados, e melhores que as outras duas raças.
Estes
quando desencarnavam, cheios de ódios, e sentimentos de vingança,
não conseguiam enxergar nada além de sua sede de vingança, foram
de juntando no baixo astral, ganhando forças, no ódio crescente na
terra, formando assim uma corrente negativa, a chamada Kiumbanda,
com o passar do tempo, esta fileira continuou a ser engrossada por
todo aquele que se julgava “mau”, não merecedor da Luz.
Mais
tarde por influência do Astral Superior, e seus incansáveis
trabalhos na busca da evolução destas almas, formou-se a Quimbanda,
onde aqueles que aceitaram, a luz, ou a busca por esta luz, começaram
a trabalhar nos ajustes dos karmas, seus e de outras almas, também
foi “colocado” no meio destes, almas mais evoluídas para que
pudessem orientá-los , e assim, separou as correntes, a quimbanda ou
Kimbanda, é formada pelos Exus, trabalhadores da luz, ou seja seres
que aceitaram ajuda, e que buscam evolução ,( e de todo não eram
tão maus assim, como acreditavam) mas não estão fora da Lei de
ação e reação, tudo que fizerem lhes é cobrado, bem como quando
estão em trabalho na Umbanda, estão sobre os olhos da Lei, assim
como todos nós.
10. Umbanda
(Ramificações)
Hoje,
temos varias ramificações da Umbanda que guardam raízes muito
fortes das bases iniciais, e outras, que se absorveram
características de outras religiões, mas que mantém a mesma
essência nos objetivos de prestar a caridade, com humildade,
respeito e fé.
Alguns
exemplos dessas ramificações são:
"Umbanda
tradicional" - Oriunda de Zélio Fernandino de Moraes";
"Umbanda
Popular" - Que era praticada antes de Zélio e conhecida como
Macumbas ou Candomblés de Caboclos; onde podemos encontrar um forte
sincretismo - Santos Católicos associados aos Orixas Africanos";
"Umbanda
Branca e/ou de Mesa" - Com um cunho espírita - "kardecista"
- muito expressivo. Nesse tipo de Umbanda, em grande parte, não
encontramos elementos Africanos - Orixás -, nem o trabalho dos Exus
e Pomba-giras, ou a utilização de elementos como atabaques, fumo,
imagens e bebidas. Essa linha doutrinaria se prende mais ao trabalho
de guias como caboclos, pretos-velhos e crianças. Também podemos
encontrar a utilização de livros espíritas - "kardecistas -
como fonte doutrinária;
"Umbanda
Esotérica" - É diferenciada entre alguns segmentos oriundos de
Oliveira Magno, Emanuel Zespo e o W. W. da Matta (Mestre Yapacany),
em que intitulam a Umbanda como a Aumbhandan: "conjunto de leis
divinas";
"Umbanda
Iniciática" - É derivada da Umbanda Esotérica e foi
fundamentada pelo Mestre Rivas Neto (Escola de Síntese conduzida por
Yamunisiddha Arhapiagha), onde há a busca de uma convergência
doutrinária (sete ritos), e o alcance do Ombhandhum, o Ponto de
Convergência e Síntese. Existe uma grande influência Oriental,
principalmente em termos de mantras indianos e utilização do
sanscrito;
Outras
formas existem, mas não têm uma denominação apropriada. Se
diferenciam das outras formas de Umbanda por diversos aspectos
peculiares, mas que ainda não foram classificadas com um adjetivo
apropriado para ser colocado depois da palavra Umbanda.
Você
Aprendeu:
O
que é Toré, Pagelança, Catimbó, Candomblé, Candomblé de
Caboclo, Omoloko, Quimbanda; A reconhecer, através do ritual em as
casas que você eventualmente visitar; As ramificações da Umbanda.
Fonte: Sociedade Espiritualista Mata Virgem (Nossos Agradecimentos) e adaptações dos medianeiros do Raios de Luz.