Porque falar de compaixão?
Porque falar de
compaixão?
Vivemos em
mundo caótico, quantas vezes nos pegando pensando: acho que o mundo
enlouqueceu. São tantos absurdos, caos, que gera um desespero em nós. E o que vamos
fazer com esse sentimento? Simplesmente ignorar, fazer de conta que não é
conosco ou agir em prol de uma mudança?
Acreditem,
nenhum ser humano é capaz de encontrar a real felicidade enquanto ao nosso lado
existir o sofrimento de outros seres. E daí que devemos pensar, praticar e
colocar a compaixão em movimento. Compaixão não é pena. Não é empatia
Compaixão é
colocar-se incondicionalmente ao lado do outro, sem julgamento, sem esperar
nada em troca, sem outro sentimento que não seja o alivio o sofrimento do
outro. Compaixão é atitude! Disponibilidade para ofertar algo nosso em prol do
bem do outro. Apenas se compadecer com o
sofrimento alheio é pena, compaixão é ação.
Gosto muito de
um monge budista, o Mattheu Ricard, ele é considerado o homem mais feliz do
mundo e ele nos diz: Precisamos achar o fio de Ariadne para encontrar a fim do
labirinto de preocupações tão graves e complexas. Talvez a compaixão e o altruísmos
sejam o fio que necessitamos. Se mostrássemos mais compaixão e mais
consideração pelos outros poderíamos agir para trazer soluções para injustiças,
discriminação e não sacrificaríamos o mundo pelos nossos interesses efêmeros,
deixando o mundo inabitável dentro de alguns anos, caótico para as próximas
gerações.
Sabedoria e
compaixão andam juntas. Assim como acredito que é fé não pode ser cego, pois
assim ela se torna burra, a compaixão sem sabedoria é lesa.
O Lama Michel
Rinpoche nos diz:
A única verdadeira razão pela qual a gente deve
desenvolver uma correta visão da realidade é para ajudar os outros seres.
Porque a verdadeira forma que eu posso ajudar é tendo uma correta visão da
realidade, é desenvolvendo sabedoria. Caso contrário, eu vou ficar chorando, eu
não vou saber o que fazer. Então, compaixão com sabedoria não gera sofrimento. Compaixão
sem sabedoria gera frustração, gera sofrimento.
Por outro lado, sabedoria sem compaixão, ela fica
rasa, ela não é profunda, ela é estéril, ela não dá vida a nada. Então,
as duas coisas são extremamente importantes no nosso caminho. ”
Compaixão é prática,
até que se torne um hábito.
Compaixão
com sabedoria é estar equilibrado mentalmente e espiritualmente estável para
poder ser um apoio para o outro. Precisamos nos fortalecer interiormente
para podermos ajudar outras pessoas. Esse é o único caminho. Estar bem consigo
mesmo, se conhecer, se apoderar de suas potencialidades e perceber suas
limitações, entrar em harmonia com o universo, encontrar o seu equilíbrio, daí
sim poderemos nos dedicar a prática da compaixão, afinal a primeira compaixão
que precisamos ter é com a gente mesmo.
O convite é
para sair da zona de conforto, do seu estado de comodismo e ver o todo, sentir
e conviver sabendo estender a mão ao outro. Psicólogos gostam de dizer que se
importar com a vida dos outros e querer resolver os problemas alheios é um
mecanismo de defesa para fugir da responsabilidade de lidar com seus próprios
dilemas, mas como nos diz Jung: quem cura aos outros, cura a si mesmo. Isso não
quer dizer que devemos fazer de conta que não temos problemas e nos
martirizamos em prol do outro, isso quer dizer que estender a mão ao próximo
pode ser um caminho de olhar para si mesmo e se confrontar suas dificuldades e
sempre buscar soluções com sabedoria para o todo.
Temos várias
maneiras de praticar a compaixão... participar de um grupo de reiki é uma
delas, outra, que eu gosto muito, é a meditação. Meditar é uma forma de
familiarizar-se com uma nova maneira de ser e cultivar qualidades permanentes
que ecoarão em nosso ser, eu gosto de dizer que é educar o inconsciente. Assim
como a meditação, o que nos indica que estamos praticando a compaixão é a intenção que colocamos em ação. Se dar
conta se nossa ação é egoísta, ou interesseira ou é desprendida. Aí saberemos
se estamos praticando a compaixão.
Para encerrar
quer fazer com vocês e emanação de um mantra de Shantideva que colocação em
movimento nossa compaixão.
POSSA EU SER UM PROTETOR PARA OS ABANDONADOS,
UM GUIA PARA OS QUE CAMINHAM.
UMA PASSAGEM, UM BARCO, uma ponte para os que
desejam chegar à outra margem.
POSSA EU SER UMA ILHA PARA OS QUE NECESSITAM
UMA PARADA.
UMA LÂMPADA PARA OS QUE PRECISAM DE LUZ.
UM LEITO PARA OS QUE QUEREM REPOUSAR.
Um servidor para os que precisam ser servidos.
Possa eu ser a pedra milagrosa, o vaso do
grande tesouro.
A fórmula mágica, o remédio universal.
A árvore que satifaz os desejos, a vaca de
abundancia inesgotável.
Como a terra e os outros elementos que servem
a milhares de usos
De seres incontáveis, em todo o espaço
infinito
Possa eu de mil maneiras, ser útil aos seres
que povoam este espaço
Por todo o tempo enquanto não estejam todos
livres do sofrimento.
Com
carinho,
Daniela Chaves
Psicóloga
e membro do Raios de Luz