O que é Mediunidade
O
que é Mediunidade
Mediunidade é a
faculdade humana pela qual se estabelecem as relações entre homens e espíritos.
É uma faculdade natural, inerente a todo ser humano, por isso, não é privilégio
de ninguém. Em diferentes graus e tipos, todos a possuimos. O que ocorre é que,
em certos indivíduos mais sensíveis à influência espiritual, a mediunidade se
apresenta de forma mais ostensiva, enquanto que, em outros, ela se manifesta em
níveis mais sutis.
A mediunidade é,
pois, a faculdade natural que permite sentir e transmitir a influência dos
espíritos, ensejando o intercâmbio e a comunicação entre o mundo físico e o
espiritual. Trata-se de uma sintonia entre os encarnados (vivos) e os
desencarnados (mortos), permitindo uma percepção de pensamentos, vontades e sentimentos.
O Espiritismo vê a mediunidade como uma oportunidade de servir, de praticar a
caridade, sendo uma benção de Deus que faculta manter o contato com a vida
espiritual. Graças ao intercâmbio, podemos ter aqui não apenas a certeza da
sobrevivência da vida após a morte, mas também o equilíbrio para resgatarmos
com proficiência os “débitos”, ou seja, desajustes adquiridos em encarnações
anteriores.
É graças à
mediunidade que o homem tem a antevisão de seu futuro espiritual e, ao mesmo
tempo, o relato daqueles que o precederam na viagem de volta à erraticidade,
trazendo informes de segurança, diretrizes de equilíbrio e a oportunidade de
refazer o caminho pelas lições que absorve do contato mantido com os
desencarnados. Assim, possui uma finalidade de alta importância, porque é
graças a ela que o homem se conscientiza de suas responsabilidades de espírito
imortal.
Sendo inerente ao ser
humano, a mediunidade pode aparecer em qualquer pessoa, independentemente da
doutrina religiosa que abrace. A história revela grandes médiuns em todas as
épocas e todos os credos. Além disso, a mediunidade não depende de lugar,
idade, sexo ou condição social e moral.
A ação dos espíritos
Diz a questão 459 de
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec: “Os espíritos influem sobre nossos
pensamentos e ações? A este respeito, sua influência é maior do que podeis
imaginar. Muitas vezes, são eles que vos dirigem”.
A idéia da ação dos
espíritos não nasceu com o Espiritismo, já que sempre existiu desde as épocas
mais remotas da vida humana na Terra. Todas as religiões pregam sobre a ação
dos espíritos de forma direta ou indireta e nenhuma nega completamente estas
intervenções. Inclusive, criaram dogmas e cerimônias relativas a elas, como
promessas (pedir alguma forma de ajuda para um espírito em troca de um
sacrifício) e exorcismos (cerimônia religiosa para afastar o “demônio” ou os
espíritos maus).
A ação mediúnica não
está limitada às sessões, vivemos mediunicamente entre dois mundos e em relação
permanente com entidades espirituais. Isto se dá porque muitos espíritos povoam
os mesmos espaços em que vivemos, muitas vezes nos acompanhando em nossas
atividades e ocupações, indo conosco aos lugares que freqüentamos, seguindo-nos
ou evitando-nos conforme os atraímos ou repelimos.
Estamos cercados por espíritos e sua influência
oculta sobre os nossos pensamentos e atos se faz sentir pelo grau de afinidade
que mantivermos com eles. Inúmeros espíritos benfeitores também se
comunicam conosco, por via inspirativa ou intuitiva, todas as vezes em que nos
dispomos a ser úteis aos nossos irmãos em nossa vida social. Quantas vezes um
conselho sensato e oportuno que damos sob a intuição de um benfeitor espiritual
consegue mudar o rumo de uma vida e até, em certos casos, salvar ou evitar que
uma família inteira seja precipitada no abismo de uma desgraça? O amor
verdadeiro e desinteressado não requer lugar nem hora especial para ser
praticado, pois o nosso mundo, com o sofrimento da humanidade torturada, é
igualmente um vasto campo de serviço redentor.
Entretanto, não
julguemos que a mediunidade nos foi concedida para um simples passatempo ou
para a satisfação de nossos caprichos. Ela é coisa séria e, possuindo-a,
devemos procurar suavizar os sofrimentos alheios. Ao desenvolvermos a
mediunidade, lembremo-nos de que ela nos é dada como um arrimo para
conseguirmos mais facilmente a perfeição, para liquidarmos mais suavemente os
pesados “débitos” que contraímos em existências passadas e para servirmos de
guia aos irmãos que se encontram mais desajustados espiritualmente.
Mediunidade em
desarmonia
Existem alguns sinais
mais freqüentes do aparecimento da mediunidade em desarmonia, que são: cérebro
perturbado, sensação de peso na cabeça e ombros, nervosismo (ficamos irritados
por motivos sem importância), desassossego, insônia, arrepios (como se
percebêssemos passar alguma coisa fria), sensação de cansaço geral, calor (como
se encostássemos em algo quente), falta de ânimo para o trabalho e profunda
tristeza. Precisamos usar nosso bom
senso para percebermos com clareza se os sintomas acima citados são frutos de
uma obsessão espiritual, indicando uma mediunidade desequilibrada, ou o
resultado de uma auto-obsessão, um desequilíbrio nosso mesmo, gerando neuroses
e outros tipos de distúrbios. Muitas vezes, a ajuda de um psicólogo, de
preferência espírita ou espiritualista, é necessária.
Mas o que o médium
deve fazer nestes momentos de alterações emocionais? Todo iniciante, a fim de
evitar inconvenientes na prática mediúnica, primeiramente deve se dedicar ao
indispensável estudo prévio da teoria e jamais se considerar dispensado de
qualquer instrução, já que poderá ser vítima de mil ciladas que os espíritos
mentirosos preparam para lhe explorar a presunção.
Junto com o
conhecimento teórico, o médium deve procurar desdobrar a percepção psíquica sem
qualquer receio ou temor. Na orientação do desenvolvimento mediúnico, é
importante que ele procure as instruções espíritas, para evitar percalços e
dissabores. É aconselhável o desenvolvimento mediúnico em grupos especialmente
formados para isto, pois pessoas bem orientadas, que se reúnem com uma intenção
comum, formam um ambiente coletivo bem favorável ao intercâmbio. É importante
também que o médium jamais abuse da mediunidade, empregando-a para a satisfação
da curiosidade.
Reforma Íntima – o
fundamental
Educar e desenvolver
a mediunidade é aprender a usá-la. Para que sejamos bem-sucedidos, devemos
cultivar virtudes como a bondade, a paciência, a perseverança, a boa vontade, a
humildade e a sinceridade. A mediunidade não se desenvolve de um dia para o
outro, por isso, devemos ter muita paciência. Sem perseverança, nada se
alcança, pois o desenvolvimento exige que sejamos sempre persistentes. Ter boa
vontade é comparecer às sessões espíritas com alegria e muita satisfação. A
humildade é a virtude pela qual reconhecemos que tudo vem de Deus e, se
faltarmos com a sinceridade no desempenho de nossas funções mediúnicas, mais
cedo ou mais tarde sofreremos decepções.
Ensinamentos é que
não faltam em todas as circunstâncias de manifestações da vida. A faculdade
mediúnica em harmonia pode fazer grandes coisas. A educação pode começar no
simples modo de falar aos outros, transmitindo brandura, alegria, amor e
caridade em todos os atos da vida.
A mediunidade se
desenvolve naturalmente nas pessoas de maior sensibilidade para a captação
mental e sensorial de coisas e fatos do mundo espiritual que nos cerca, o qual
nos afeta com suas vibrações psíquicas e afetivas. Da mesma forma que a
inteligência e as demais faculdades humanas, a mediunidade se desenvolve no
processo de relação.
Quando a mediunidade
aflorar sem um preparo prévio do médium, é preciso orientá-lo para que os
fenômenos se disciplinem e ele empregue acertadamente sua faculdade. Não se
deve colocar em trabalho mediúnico aqueles que apresentam perturbações ou que
possuam desconhecimento sobre o assunto. Primeiramente, é preciso ajudar a
pessoa a se equilibrar no aspecto psíquico, através de passes, vibrações e
esclarecimentos doutrinários.
É fundamental que o
médium busque sua reforma íntima com sinceridade. Através de uma compreensão
maior acerca da vida, despertando sentimentos como compaixão, respeito,
humildade etc, e da prática da caridade, seremos, com certeza, instrumentos do
Amor Universal. O médium também precisa ser amigo do estudo e da boa leitura,
além de moderado. Por fim, deve sempre cultivar a oração diária, pois ela é um
poderoso fortificante espiritual e um benéfico exercício de higiene mental.
Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição especial 05.
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