Esclarecimento de Ramatís
Nesta sexta- Sessão de Caridade- sessão de Exu!
Esclarecimento de Ramatís
"Aos
que muito sabem e ambicionam, muito será cobrado"
Qual vossa opinião sobre o
sacrifício de animais na umbanda?
Ramatís: - A
umbanda não recorre aos sacrifícios de animais para assentamentos vibratórios
dos orixás nem realiza ritos de iniciação para fortalecer o tônus mediúnico com
sangue. Não tem nessa prática, legítima de outros cultos, um dos seus recursos
de oferta às divindades. A fé é o principal fundamento religioso da umbanda,
assim como em outras religiões. Suas oferendas se diferenciam das demais por
serem isentas de sacrifícios animais, por preconizarem o amor universal e,
acima de tudo, o exercício da caridade como reverência e troca energética junto
aos orixás e aos seus enviados (os guias espirituais). É incompatível ceifar uma
vida e ao mesmo tempo fazer a caridade, que é a essência do praticar amoroso
que norteia a umbanda do Espaço. Toda oferenda deve ser um mecanismo
estimulador do respeito e união religiosa com o Divino, e daí com os espíritos
da natureza e os animais, almas-grupo que um dia encarnarão no ciclo hominal,
assim como já fostes animal encarnado em outras épocas.
Mas, e os dirigentes de centros
que sacrificam em nome da umbanda?
Ramatís: -
Reconhecemos que na mistura de ritos existentes, nem tanto nas práticas mágicas
populares, dado que templos iniciáticos vistosos matam veladamente para fazer o
"indispensável" ebó ou padê de "exu", se confundem o ser e
o não ser umbandista. Observai a essência da Luz Divina (fazer a caridade) e
sabereis separar o joio do trigo. Tal estado de coisas reflete a imaturidade e
despreparo de alguns dirigentes que se iludem pela pressão de ter de oferecer o
trabalho "forte". As exigências de quem paga o trabalho espiritual e
quer resultados "para ontem" acabam impondo um imediatismo que os
conduz a adaptar ritos de outros cultos ao seus terreiros. Na verdade, há uma
enorme profusão de rituais que é confusa, refletindo o estado da consciência coletiva
e o sistema de troca com o Além que viceja o "toma lá da cá". Toda
vez que um médium aplica um rito em nome do Divino e sacrifica um animal,
interfere num ciclo cósmico da natureza universal, causando um desequilíbrio,
pois interrompe artificialmente o quantum de vida que o espírito ainda teria de
ocupar no vaso carnal, direito sagrado concedido pelo Pai. Pela Lei de Causa e
Efeito, quanto maior seu entendimento da evolução espiritual (que
inexoravelmente é diferente da compreensão do sacerdote tribal de antigamente),
ambição pelo ganho financeiro, vaidade e promoção pessoal, tanto maior será o
carma a ser saldado, mesmo que isto aparentemente não seja percebido no
presente. Dia chegará em que tais medianeiros terão de prestar contas aos
verdadeiros e genuínos "zeladores" dos sítios sagrados da natureza
que
"materializam"
os orixás aos homens e oportunizam os ciclos cósmicos da vida espiritual, ou
melhor, as reencarnações sucessivas das almas em vosso orbe.
Qual a diferença entre matar um
animal nos ritos mágicos e utilizar esse mesmo animal como alimento, já que
estaríamos interrompendo o mesmo "quantum" de vida que o espírito
ainda teria de ocupar no vaso carnal, direito sagrado concedido pelo Pai?
Ramatís: -
Muitos se alimentam dos animais e sequer acreditam em reencarnação. A cada um é
dado o tempo necessário para a dilatação da consciência ante às verdades
espirituais. Quanto às equânimes leis cósmicas, a mortandade impessoal
automatizada nos frigoríficos modernos para saciar a fome animalesca de uma coletividade
insaciável difere do ato individual do sacerdote que mata e orienta um
agrupamento mediúnico. A responsabilidade do líder religioso é enorme. Quanto
mais se beneficia da energia pelas vidas ceifadas dos irmãos menores para
prejudicar os outros em favor próprio, mais irá agravar a sua prestação de
contas nos tribunais divinos. Não somos afeitos a estabelecer sentenças. Mas
certamente a avaliação de quem sacrifica em nome do Sagrado, num rito de
determinado culto religioso em que ainda persistem usos e costumes por questão
de fé ancestral, será feita, caso a caso, por quem tem competência no Astral
superior.
Os
compromissos daqueles que extinguem uma vida num rito mágico qualquer é
proporcional à consciência que o conhecimento propicia. Quanto maior o saber,
tanto mais dilatada as consequências dos atos de cada espírito, seja encarnado
ou não.
Qual a vossa opinião sobre o fato
de alguns dirigentes proibirem médiuns carnívoros de trabalhar em seus centros?
Ramatís:
Indicando defeitos e sentenciando o que é certo ou errado na conduta alheia,
deixais vosso candeeiro embaixo da goteira. As determinações sectárias de
alguns dirigentes espirituais encarnados, proibindo médiuns carnívoros de
trabalhar, é qual gotejamento que "apaga" a tênue luz crística que
tendes em vós, já que a imposição dessa falsa igualdade não conscientiza
amorosamente e sim exercita o orgulho de considerar-se melhor, mais evoluído e
superior ao outro.
Percebemos que várias lideranças
umbandistas aceitam os sacrifícios animais e a cobrança para angariar
simpáticos ao seu modelo de umbanda. Como interpretar isso?
Ramatís: - A
sede de poder e a disputa ensandecida de domínio perante a comunidade
umbandista, ainda entontecida pela difusão de fundamentos jogados diuturnamente
nas mais diversas formas de mídia que disfarçam no Sagrado a venalidade de
certos sacerdotes, impera nessas lideranças que travam verdadeira guerra para
impor o seu modelo teológico. Assim, persistem numa busca ferrenha de adeptos
para ter o rebanho maior, qual pastor que pula o seu cercado para pegar as
ovelhas do vizinho. Não importa se o do lado cobra, raspa, corta e mata. O que
vale é aumentar os adeptos, qual "guru" de outrora que impressionava
as multidões ao amansar tigres e cobras.
Lembrai-vos
de que quanto maior a inteligência e a consciência, maior pode ser a ambição.
Aos que muito sabem e ambicionam, muito será cobrado pelos orixás.
Do livro: “Umbanda Pé No Chão”
Ramatís/Norberto Peixoto – Editora do Conhecimento.
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