Caridade socorrista
NESTA SEXTA SESSÃO DE CABOCLOS!!!
SEJAM BEM VINDOS!!!
Caridade socorrista
Solicitamos à veneranda irmã que nos fale
um pouco de si, no intuito de situar melhor o leitor espiritualista, menos
afeito à Umbanda, egrégora em que sois mais conhecida.
VOVÓ MARIA CONGA: Saudamos os filhos
de todas as crenças terrenas nas suas mais variadas manifestações. Seremos
concisa, pois não gostamos de falar de nós.
Somos discreta servidora da caridade anônima, e
se há um nome e uma forma astral de apresentação aos homens, nesse caso uma
combalida vovó, preta velha septuagenária, curvada no débil corpo de ossos
carcomidos, é exatamente pela necessidade de exemplificação de humildade aos
homens, nada mais. O corpo físico que foi vestimenta fugaz, e lentamente foi-se
finando diante dos anos, serviu de meio imprescindível ao fortalecimento do ser
imortal para o festim de libertação do presídio das posses ilusórias na
matéria, da prepotência e do egoísmo humano. Somos espírito comprometido com o
amparo das criaturas sofredoras e doentes que procuram o alívio e a cura dos
males que os afligem.
Ligamo-nos a Ramatís desde eras em que quase a
nossa memória espiritual falha, tal a antiguidade desse encontro, que se deu em
outro planeta do Universo. Viemos com esse irmão para a Terra dos homens, onde
estamos há algumas dezenas de milhares de anos, desde os Templos da Luz da
velha Atlântida, já tendo reencarnado várias vezes, compromisso de mergulho na
carne de que estamos dispensada nesse orbe, o que não nos isenta de
continuarmos evoluindo junto aos homens. O fato de um espírito não precisar
mais reencarnar não significa que seja perfeito, ou um facho de luz proveniente
de locais elevados que ofusca os olhos dos encarnados.
Ao contrário,
pelo pouco alcançado, de amor ao próximo, aumentam em muito as obrigações de
auxílio para com aqueles retidos na carne e, no nosso caso, também aos
afligidos que transitam pelos vários recantos, do que vocês chamam de Umbral
Inferior. Para nós, são buracos largos, áridos, escuros e profundos, com vastos
habitantes: vermes, répteis, animais putrefatos, seres que já foram homens na
crosta, se apresentando com sérias deformações em seus corpos astrais, em
formatos de animais, lobos andrajosos, ursos com garras, macacos peludos, ou
ainda como seres patibulares de faces cadavéricas, de olhos injetados, com
patas em lugar de pés e mãos, e estiletes pontiagudos em vez de unhas; todos
"homens" desencarnados a perambular em bandos rastejantes, fétidos e
deformados, que emitem incessantes uivos animalescos de rancores e lamentos
dolorosos.
As desfigurações, as loucuras dessas mentes
desencarnadas é que sustentam o império dos "lucíferes", entidades
poderosas que realmente acreditam ser o próprio diabo a comandar em perpétuas
torturas as suas legiões infernais, a servirem no mal e na magia negra os
homens encarnados da crosta do planeta. É um escambo fluídico de larga
disseminação nessas regiões, onde os pensamentos dos dois planos da vida
jungem-se irremediavelmente pela semelhança de interesses desditosos.
Nascemos em encarnação passada no Brasil como
simples filha de escravos vindos da região do Congo, situada na África, e fomos
alfabetizada e catequizada na religião católica. Íamos à missa todos os
domingos, mas, desde menina, quase que diariamente, na penumbra da senzala,
como curiosa aprendiz, relembrávamos, por meio da prática com velho feiticeiro
da nossa tribo, os rituais de magia do antigo Congo do Oriente, que jaziam em
nosso inconsciente
de longa data, encontros em que esses
conhecimentos nos foram repassados oralmente e renasceram por anos a fio.
Tínhamos livre trânsito, mas éramos escrava
igual a todos. Não chegamos a sentir no dorso as chicotadas dos capatazes da
fazenda, pois éramos muito querida da sinhá e do sinhô, a ponto de termos sido
mãe de leite dos seus filhos. Nosso sofrimento foi no âmago da alma, causado
pelas muitas mortes ocorridas em nosso colo, dos irmãos de cor, vários nascidos
em nossos braços de parteira; todos negros, surrados diariamente em nome do
feitor, abaixo de cortante chibata. Muito curamos as feridas dos irmãos
torturados aos pés dos troncos e dos formigueiros, pois éramos exímia
conhecedora de ervas e fazíamos simpatias e benzeduras que aprendemos com as
escravas mais antigas.
Fomos abadessa na Idade Média (1), em espécie de
hospital católico na Espanha do século 13, momento terrível da Inquisição. A
Igreja era fortemente contrária a todas as crenças, e os hereges eram
perseguidos em nome do Cordeiro. O povo oprimido e ignorante jogava-se aos
nossos pés em busca de proteção. Muitas crianças ficaram órfãs. Todas as
mulheres e homens que conhecessem ervas e realizassem curas deveriam ser
conduzidos e julgados pelos tribunais santos. Os infiéis eram sumariamente
queimados, e até mesmo saber ler já podia ser indício de feitiçaria; e qualquer
manuscrito estranho às escrituras sagradas era considerado diabólico. Por
receio de possíveis retaliações do clero ameaçador, que nos alertava
constantemente para a possibilidade de perda dos confortos e das mordomias da
abadia, se houvesse quaisquer suspeitas de socorro aos inquiridos. Deixamos de
atender vários irmãos que bateram a nossa porta, chagados pelos suplícios
infligidos.
Nota do médium: Esse guia amoroso, Vovó
Maria Conga, é entidade proveniente da Constelação de Sírius, do mesmo planeta
que abrigou a consciência espiritual que hoje conhecemos como Ramatís. Ela
também se mostra em corpo astral como uma freira, ocasiões em que se apresenta
com um grande livro nas mãos. Nessas oportunidades, reassume a personalidade da
sua encarnação como abadessa, na Espanha do século 13, denominando-se madre
Maria de Las Mercês.
Essa preta velha,
humilde e laboriosa, ainda se mostra como uma menina entre cinco e sete anos,
com lindo vestido rosado, grande laço amarrado à frente e de longas tranças
loiras, chamando-se, nesses momentos, de Chiquinha, atuando na magia como uma
entidade do orixá Yori. Relata-nos que foi muito feliz nessa encarnação de
criança, que muito a marcou por ter sido a última na longa caminhada de
libertação do ciclo carnal, embora tenha ocorrido um desencarne repentino, mas
sem sofrimento, por volta da idade em que se deixa ver.
Não fizemos o mal, mas deixamos de praticar o
bem da caridade cristã que tanto alardeávamos no meio religioso.
Vários dos cruéis e orgulhosos inquisidores
espanhóis abrigamos nos braços como recém-nascidos ou escravos torturados em
chão brasileiro, e com os conhecimentos de magia, de ervas, das simpatias e benzeduras
resgatamos o descaso de outrora.
Não é verdade que somos mais conhecida na
Umbanda, egrégora em que nos apresentamos como preta velha, pois também
trabalhamos no kardecismo como freira versada em assuntos da psicologia humana,
nos comunicando do Além pela escrita, entre outras atividades do mediunismo.
Somente para situar os homens, tão carentes
dessas referências, é que moldamos nosso corpo astral em conformidade com as
vossas consciências, hábitos, raças e costumes sociais, obtendo assim maior aceitação
da caridade socorrista e esclarecedora em todos os meios terrenos. De nenhuma
forma porque sejamos superiores a quaisquer servidores do Cristo-Jesus que não
tenham os nomes na lembrança dos filhos, muito menos por diferenças religiosas,
filosóficas ou doutrinárias dos homens. Essas distinções e diferenças não têm a
menor importância, pois o que nos rege é o amor, o combustível cósmico que
movimenta a grande Fraternidade Branca Universal.
"Evolução No Planeta
Azul” Ramatís e Vovó Maria Conga/Norberto Peixoto – Editora do Conhecimento
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